Ney Latorraca:
"Tenho curiosidade e vou tomar Viagra"
Ator respondeu às perguntas dos leitores, falou de suas manias, das gafes
que já cometeu e como voltou à Globo depois de assinar contrato com o SBT
Por Priscila Bessa
Sentado em um quiosque da Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio de Janeiro, Ney Latorraca, 66 anos, parece bem à vontade. Foi ali que o ator, no ar como o atrapalhado Dr. Solano do seriado S.O.S. Emergência, recebeu a repórter Priscila Bessa para responder às perguntas dos leitores enviadas ao site de QUEM. Nesta entrevista, ele fala de suas manias, como a de conversar por telefone por horas e horas com amigas como Maitê Proença e Maria Padilha, das gafes que já cometeu e de como conseguiu voltar à Globo apenas dois meses depois de assinar um contrato de cinco anos com o SBT nos anos 90. Ele revela ainda o desejo de experimentar um remédio contra a impotência sexual. Só não dá para saber se ele estava falando sério.
1 - Você é namorador?
Ludmila Figueira, Marituba (PA)
Quem entrou na minha vida entrou para ficar e por um período bem grande. Teve começo, meio e fim. Mas gosto de ciscar, de olhar. Acho o inusitado muito bom. Entrar num elevador e rolar um clima. Você chega quase a babar, espumar. Não precisa ir para guetos, nem boates.
2 - Não gosta quando as pessoas te chamam de “Neyla” na rua?
Maria Luz, Florianópolis (SC)
Me divirto. É que meu nome é tão bonito, né? Meu nome de batismo é Antônio Ney Latorraca. Eu passo aqui e o pessoal da Comlurb chama: “Seu Neylaaaa!”. Adoro!
3 - Tem alguma mania?
Lucélia Portugal, Rio Claro (SP)
Um monte! Anoto tudo na agenda. Por exemplo, para dar esta entrevista já preparei tudo desde ontem! Faço um enxovalzinho. A roupa que vou usar, coloco a bermuda, a cueca, o tênis, a meia, a mochila, tudo separado. E a chave jogada por cima. Tem as minhas amigas com quem adoro falar ao telefone! Com Maitê Proença o papo é sobre o caráter das pessoas e política. Uma vez ela me pegou aqui (caminhando) e eu dei a volta na lagoa inteira. Quando terminei, acabou a bateria do celular. Maria Padilha também. Ela me pega das 6h da tarde até o Jornal Nacional.
4 - O que te deixa de mau humor?
Gabriela Duran, Palmas (TO)
O que me enlouquece mesmo é o atraso. Acho coisa de gentalha. Eu sempre chego antes. Por exemplo, aniversário da Claudia Raia. Ela nem chegou na casa dela ainda e eu já estou lá, sentado. Ela chega, vai tomar banho, se arruma e já estou ali. Sou o primeiro a chegar sempre.
5 - Qual seu maior mico?
Luís Basutto, Estreito (MA)
Odeio quando o espectador quer aparecer mais que o ator. Paro o espetáculo. Uma vez eu falei: “A senhora não quer subir aqui? Porque tudo que eu falo a senhora comenta. Sobe”. Ela ficava o tempo todo cochichando com uma pessoa ao lado. Aí ela falou: “Não. É que o meu filho é cego”. Depois dessa, nunca mais falei nada. Foi um king-kong.
6 - Já tomou Viagra? Tomaria?
Carlos Afonso, Niterói (RJ)
Por incrível que pareça não tomei ainda, mas tenho curiosidade e vou tomar Viagra. Dia 4 de novembro, vou falar com meu médico. Vou sair daqui e vou resolver isso, para saber como é que é.
7 - Quer ter filhos? Adotaria?
Roberto Gomes, Ubatuba (SP)
Por que não? De repente, baixa uma Angelina Jolie e resolvo adotar, sei lá. As portas estarão sempre abertas.
8 - Foi difícil convencer a família que queria ser ator?
Rosa Pinto, Santa Filomena (PE)
Sou filho único, meu pai cantava, era crooner de boate em cassino e minha mãe trabalhou com Grande Otelo, que é meu padrinho. Mas eles não queriam um filho ator. Queriam que eu fosse médico ou engenheiro. Falei: “Não, vou fazer diferente”. Fiz a Escola de Arte Dramática na USP. Minha mãe ficou feliz mesmo quando apareci na TV. Um dia, eu estava dormindo em casa, de cueca, e quando acordei todas as pessoas do prédio estavam na minha frente me vendo dormir. Ela levou. “Olha o Neyzinho dormindo! Não é uma graça?”, falou. Tem que rir, né?
9 - Em nenhum momento o assédio te atrapalhou?
Taissa Pinheiro, Quatro Barras (PR)
O sucesso me atrapalhou porque eu não estava preparado. Em 1974, quando cheguei ao Rio para fazer a novela Escalada (ele é de Santos), fazia teatro em São Paulo e ninguém me conhecia. De repente, estava em todas as capas de revista! Imagina, um dia você está em casa dormindo num colchonete, andando de ônibus, e vira sucesso em um mês?
10 - Você saiu da Globo em 90 para fazer a novela Brasileiros e Brasileiras, do SBT, mas voltou. O que houve?
Íris Assumpção, Aracaju (SE)
Fiquei no máximo dois meses e voltei para a Globo. Me arrependi tremendamente, porque eles não tinham estrutura para mim na época. Foi o Walter Avancini (diretor) que me chamou. Conversei com o Silvio Santos, que foi muito simpático. Falei: “Me libera, pelo amor de Deus!”. Ele me liberou. Mas tive um acesso de choro (durante a conversa). Falei a verdade para ele, não me adaptei. Na Globo, tenho meu camarim, meus camareiros, tudo. Só faço um gesto e eles sabem que é um café com quatro gotas. Assino a lista de Natal de todos e dou um dinheirinho, que eu não sou besta.
11 - É verdade que você queria jogar todos os seus prêmios fora, mas uma amiga lhe disse que era útil para segurar porta?
Maria Tereza, Vitória (ES)
Foi a Lílian Lemmertz (1937-1986). Claro que eu gosto de prêmio. Tem um, que é a Coruja de Ouro (do Instituto Nacional de Cinema) que ganhei de melhor ator e acho bonita. Mas atualmente estão colocando artistas plásticos para fazer. Aí te dão uma coisa que você não sabe o que é. Tem uns que você vai pegar o troféu e a base cai no seu pé, porque o prêmio é pesado e a base é de plástico, daí você tem que ir para a ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação) e fica com aquela merda na mão? Mas o bom do troféu é o dinheiro. Isso é maravilhoso! Receber um cheque junto... Esse sim é maravilhoso! (risos)
12 - A fama atrapalhou a sua privacidade?
Leila Da Rolt, Bento Gonçalves (RS)
Tem pessoas aqui no Brasil que pensam que estão em Hollywood. Não, eu sou um ator brasileiro, eu não virei um busto daqueles que a gente compra e coloca em cima do piano, sabe? Se for assim prefiro parar de representar e virar uma Greta Garbo (1905-1990), morar em Nova York, num prédio e andar com um gorro na cabeça e uma capa de chuva no Central Park. Não! Quando eu quero ficar em paz eu fico na minha casa lendo, não atendo telefone. Eu gosto de dar entrevista, eu gosto de dar autógrafo, tirar foto, acho que faz parte. Senão não faz e muda de profissão. Quando eu estou comendo e vem alguém para tirar uma foto ou bater na minha cabeça é muito chato, mas eu peço para esperar um pouquinho. Civilizado mesmo. Falo que sou um ator pop!
13 - Tem alguma frustração na carreira?
Marcos da Rocha, Santos Dumont (MG)
Não, não tenho. Acho que fiz muitos sucessos. Também fiz coisas que não deram certo, faz parte. Inclusive acho que fazer sucesso é fácil, difícil é você manter. Exemplos de trabalhos que não deram certo: as novelas O Grito (1975) e Sem Lenço, Sem Documento (1977). No teatro fiz uma peça com a Renata Sorrah, Afinal, Uma Mulher de Negócios (1979) com direção de Sérgio Brito, que ninguém foi ver! No último mês que a gente fez a peça foi um sucesso e lotou! Que nem TV Pirata (humorístico de 1988). Na primeira semana não era o que se tornou depois.
14 - É verdade que você nasceu pesando 6kg?
Adriana Camargo, Tesouro (MT)
Quase. Fazer o que, eu nasci, né? (risos) Minha mãe era bem pequenininha e meu pai era alto. Nasci comprido também, com 55 centímetros. Eu nasci em casa de parteira. Custei uma nota de 100 cruzeiros. Aliás nasci na mesma casa que o Mário Covas, engraçado isso, né? Rua Paissandu, número 20.
15 - Quando está interessado em alguém você aborda a pessoa?
Diogo Choeri, Rio de Janeiro (RJ)
Agora não, não preciso. Mas outro dia vi umas meninas paradas fazendo uma enquete, achei elas tão lindas, as três conversando, e falei: “Vocês são lindas”. Aí elas: “Ah, obrigada... tio”. Tipo, “oi tio Neyla”. Fiquei com uma raiva delas... (risos)
16 - Que tipo de música gosta de ouvir?
Bruno Perez, Araraquara (SP)
Agora está tendo o horário eleitoral e é muito cansativo. Então comecei a ouvir para valer um disco do Caetano Veloso e fico ouvindo só aquele disco. Gosto de entender os arranjos, qual a proposta, gosto da boa música. Não gosto de batidas repetitivas. São boas para dançar, mas não para ouvir. Sabe um que eu gosto e comprei? A Arte do Barulho (2008) do Marcelo D2 cantando junto com a Cláudia (cantora que fez sucesso no início dos anos 70), tem sambas. Ele misturou. Quem me “aplicou” foi meu médico de pulmão. Ele me deixou em casa, o CD estava tocando, e falou: “Não tem nada a ver com você”. Mas eu comprei. Achei genial.
17 - Você foi casado com a atriz Inês Galvão por quatro anos e nunca mais foi visto com ninguém. Por que?
Monique Salcedo, Arraial do Cabo (RJ)
Sobre esse assunto não falo. Sou apaixonado pelo meu público atualmente. Mas continuo falando com ela, que mora em Cuiabá, é casada com um ex-jogador de futebol, tem quatro filhos com ele, e nos falamos por telefone.
FONTE\QUEM
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