Ao contrário de Sonia, de 'Cheias de Charme', Alexandra Richter é uma boa patroa
Por Guilherme Scarpa
Quando está no ônibus indo para a casa de sua patroa e ouve alguém dizer “é muito ruim essa Alexandra, que mulherzinha!”, Denise de Paula até acha graça.
Normalmente, ela se manifesta e defende Xanda — como costuma se dirigir à atriz Alexandra Richter — com unhas e dentes. “Ela não sabe ser má!”, entrega Denise, que, diferentemente da empreguete Cida (Isabelle Drummond), de ‘Cheias de Charme’, recebe tratamento VIP da intérprete da perversa Sonia no dia a dia.
“Sou o avesso dela. Tenho dificuldade de mandar, ser autoritária. Lido mal com agressividade”, diz Alexandra, que, de dondoca, só tem mesmo o visual.
“Hoje estou meio Sonia. Mas é só por fora”, brinca ela, que espera por Denise todas as manhãs para tomarem café da manhã juntas.
“Eu chego e já sento para fofocar. Às vezes, é a Xanda que põe a mesa. Ela brinca, fala besteira, me faz rir o tempo todo”, conta Denise.
A empreguete da vida real nunca viu Alexandra perder o rebolado. “Nós nunca discutimos. Ela nem sabe brigar, não sei como faz tão bem a Sonia na TV.
Hoje cheguei atrasada e, em vez de me dar broca, mandou eu sentar e disse que ia me maquiar”, derrete-se Denise, que costuma levar os filhos para a casa da patroa nas férias.
“Ela trata os meninos como se fossem da família. E ai de quem disser qualquer coisa”, avisa Denise.
Na novela das 19h, tudo é bem diferente. “Teve uma cena, que já foi ao ar, em que a Sonia foi muito dura com a Cida (Isabelle Drummond).
Eu até chorei de pena dela. É uma cena em que ela vê a gente indo para Teresópolis e eu digo: ‘Você queria o quê? Você é a empregada’.
A Isabelle faz tão bonitinho, chora e tudo. Para mim, é um desafio”, conta Alexandra.
Longe da ficção, ela desce do salto — no melhor sentido — e adora fazer compras na feira, caminhar pela Lagoa e cumprimentar quem quer que seja.
“Quando morava na Tijuca, era ainda pior. As pessoas lá são mais carinhosas.Ela quase virou vereadora”, brinca Denise, fiel escudeira da atriz há dez anos.
“Em Ipanema, tinha um mendigo com quem ela sempre falava”, emenda. “É que sou muito solidária. Meu marido acha que eu ajudo demais as pessoas.
Mas eu me apego, rezo. Quando o (Reynaldo) Gianecchini ficou doente, rezava o terço para ele. Fiz isso um tempão”, confidencia a atriz.
Já na entrada de seu apartamento, dá para sentir que Alexandra é religiosa. “Tenho esse altar. Sou seguidora de Jesus Cristo.
Quando as pessoas vão embora, eu sempre peço para escolherem um santinho, algo assim”, conta a atriz, com um sorrisão.
MÚLTIPLAS TAREFAS
Alexandra Richter é do tipo que não tem tempo ruim. No ar como a malvada Sonia, de ‘Cheias de Charme’, e em cartaz com o sucesso ‘A História de Nós 2’, ao lado de Marcelo Vale, no Teatro dos Grandes Atores, ela ainda consegue se organizar para cuidar da casa, da filha e do maridão, o engenheiro Ronaldo Braga.
“Essa geração que queimou o sutiã ferrou com a gente. Eu tenho que ter uma megaestrutura, preciso estar linda, sem rugas, ser excelente profissional, me dedicar ao marido, à filha.
“Essa geração que queimou o sutiã ferrou com a gente. Eu tenho que ter uma megaestrutura, preciso estar linda, sem rugas, ser excelente profissional, me dedicar ao marido, à filha.
Tenho raiva delas”, diverte-se Alexandra. “Mas eu sou cascuda. Acho que, pela infância difícil que tive, aprendi a dar valor às coisas.
Cresci em Riachuelo, consegui tudo com muito sacrifício. Para mim, a família vem em primeiro lugar”, completa ela.
Segundo sua empregada, a única coisa que deixa Alexandra fora de si é a enxaqueca que, volta e meia, ronda a atriz.
“Eu tenho que cuidar. Ela fica caidinha. Eu faço canjinha. Morro de pena”, brinca Denise, que vai além.
“Ela já passou por muita coisa. Em época de renovação de contrato, a gente reza muito também”, entrega.
Segundo a atriz, seu mal é a TPM. “Também tenho meus momentos. Quando vem a TPM, eu fico atacada!
Mas sou uma mulher forte que não perde a doçura”, define-se ela, que se identifica com as personagens que desempenha na peça ‘A História de Nós 2’, de Lícia Manzo.
Mas sou uma mulher forte que não perde a doçura”, define-se ela, que se identifica com as personagens que desempenha na peça ‘A História de Nós 2’, de Lícia Manzo.
“Elas se desdobram, são mulheres modernas e multifacetadas. Já a Sonia, da novela, é uma pessoa fútil e manipuladora”, diferencia.
Mas, prestes a completar 45 anos, Alexandra considera um presente interpretar a dondoca de ‘Cheias de Charme’.
“Estourei aos 36. Sabia que ia fazer sucesso velha, minha intuição me dizia isso.
Vim do subúrbio, tive infância pobre, fui muito dura de grana. Sou batalhadora. Interpretar Sonia tem sido maravilhoso por isso”, afirma.
Denise, é claro, concorda. “Não perco um capítulo. Ela está muito bem”, elogia, orgulhosa.
FONTE\ODIA
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