Três vezes comédia
Multishow estreia novas séries de humor
Fernando Caruso, Cláudia Sardinha e Fábio Porchat falam sobre seus novos programas
Como bambas da comédia que são, os três humoristas que protagonizam as séries que o Multishow lança, a partir desta semana, adoram zoar uns aos outros.
Fernando Caruso (que estreia “Estranha mente” nesta quarta), Cláudia Sardinha (“Quero ser solteira”, sexta-feira) e Fábio Porchat (“Meu passado me condena”, dia 10) não perdoam nem os amigos.
Muito menos eles, diria Caruso, que conhece Porchat desde 2006, quando trabalharam juntos no espetáculo “Comédia em pé”, mas solta essa sobre o ex-companheiro de palco:
— Ainda bem que, além de atuar, escrevemos o roteiro de nossos próprios projetos, até porque o Fábio é um péssimo ator — brinca Caruso, atirando outra piada cruel na direção de Claudia, depois que a moça explica de onde tira, por vezes, sua inspiração.
— Em momentos de bloqueio, gosto de assistir a filmes que me inspiram — conta ela.
— Isso que a Cláudia está dizendo que faz, atenção, é plágio — interrompe Caruso.
Em formato de esquete, o sexto programa de Caruso a ocupar a grade do Multishow agrupa 80 histórias de pegada nonsense em 13 episódios.
Nerd assumido, ele diz que sonhava em criar uma atração com as ideias malucas produzidas por sua estranha mente.
E põe malucas nisso. Em um quadro, Caruso retrata um asilo de super-heróis e vive personagens como o Super-Homem, Jor-El (pai do herói) e Capitão América. Em outro quadro, interpreta um crítico de cinema que não aprecia filmes de arte. Só comenta “Robocop 2”, “Tartarugas ninjas 3”, “Rocky 5”...
— É um programa que sempre quis ver, mas me preocupei em criar enredos que atraíssem outros tipos de telespectador e não só os nerds.
Por isso, Caruso incluiu um policial que só circula na Lagoa (“Mas na Lagoa mesmo: se ocorrer um assalto no calçadão, ele não faz nada”, ressalta) e o casal “o-que-você-estava-pensando?”:
— É aquela pergunta que a mulher faz quando você não presta atenção no que ela diz — teoriza.
— Na esquete, dramatizamos a imaginação desse cara, que, enquanto a mulher tagarela, se vê pulando micareta com outros oito amigos e dançando polca de collant.
Além das situações bizarras, “Estranha mente” tem, digamos, um “tom de realidade”.
— Em outro quadro, vou às ruas entrevistar mulheres.
Quando digo que tenho um programa no Multishow, elas me agarram. Coisa comum, já estou acostumado — ironiza.
Já a série de Cláudia Sardinha tem referência em histórias de verdade. Com o mesmo namorado há 10 anos, ela se divertia ouvindo as lamúrias das amigas sobre relacionamentos.
— Nina, minha protagonista, baseia-se no comportamento da galera. Os jovens estão só ficando.
E, em alguns casos, é difícil se livrar de um mala.
Não seria essa independência de Nina, sua personagem, medo de se apaixonar?
— Ela ainda não encontrou o amor. Não está desesperada. Nina não se envolve e cria essa segurança com um amigo gay, que é sua principal companhia.
Sexo, resolve por fora — desenvolve. — Eu tive sorte de encontrar o amor da minha vida aos 15 anos.
A Nina tem pavor de ficar encalhada e pega vários tipos: faz-tudo, personal trainer, figurinha repetida...
Cria da internet, Cláudia lançou “Quero ser solteira ” em formato de web série.
Filmava na sua casa, no Leblon, com o parceiro Felipe Cabral (que interpreta Leozinho, o melhor amigo de Nina).
O roteiro, que inicialmente era só a monografia de conclusão da faculdade de Cinema, foi adaptado de um monólogo sobre uma professora de sexo.
Sucesso na rede, os dez episódios chamaram a atenção do diretor do Multishow, Guilheme Zattar, que a convidou para adaptar a atração para a TV.
Na versão original, Cláudia conta que o roteiro era mais surreal, tipo “eu não posso transar com você porque eu estou grávida de um Lego”.
Na nova versão, que começa três anos depois do último episódio da web série, Cláudia fala que deixou o texto mais fluido, próximo das pessoas.
— Ela beija um calouro no banheiro da faculdade, às 9h da manhã, e, para não deixar esse deslize detonar a sua reputação, decide pegar o mais gato dos veteranos e levá-lo para uma festa que os novatos estão dando. Mas o calouro dá o endereço errado, e eles discutem feio.
No calor da discussão, Nina assume, aos berros, que eles se pegaram. Um aluno grava um vídeo e posta na internet um funk daqueles de refrão repetitivo: “Pe-pe-peguei no banheiro sim” vira um hit, e ela acaba desmoralizada.
Algumas piadas foram mantidas. Uma desculpa que Cláudia trouxe da web série para despistar um cara é a de que Nina afirma ser lésbica:
— Ela diz que só transou com ele como experiência. E que não foi boa.
Embora também seja roteirista como Caruso e Cláudia, Porchat (que escreveu para o “Zorra total”, da Globo, durante quatro anos) só atua em “Meu passado me condena”, série sobre um casal que entra conflito já na lua de mel.
— A série toda é uma grande DR (discussão de relação). A cada episódio, eles reviram ex-casos um do outro.
Casado há três anos com a atriz Patrícia Vasquez, Porchat não se identifica com o protagonista do programa:
— Ele é burrão, acha que “Tio Vânia” (peça de Anton Tchekhov) é a história de um traveco.
Além disso, é subserviente, só namorou mulher doida e vive sendo corneado.
Engraçado é que o personagem de Porchat se chama Fábio, e sua esposa na série é Miá, interpretada por Miá Melo.
Esse recurso, usado há tempos em séries americanas, tem aparecido nos humorísticos brasileiros também.
— A internet aproximou a TV do público. Mas se o personagem fosse um vilão estuprador nazista ou um assassino de velhinhas, eu não ia gostar de ele ter o meu nome.
FONTE\OGLOBO
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