quinta-feira, 15 de outubro de 2015

 Caio Castro:
"Ser galã é chato, queria viver o bandido"
Ator vive seu primeiro vilão em 'I Love Paraisópolis' e comemora o sucesso de seu personagem, o marginal Grego

Por Carolina Farias
Caio Castro está em ritmo intenso de trabalho. “Tem dia que até me esqueço de tomar banho”, conta. O intérprete de Grego de I Love Paraisópolis diz, no entanto, que vive uma das fases mais felizes na carreira e na vida.
O ator de 26 anos comemora o sucesso de seu primeiro vilão, que está conquistando o público. “Quando alguém repete minhas gírias dá até vontade de chorar”, derrete-se Caio, que conviveu com moradores de favela de São Paulo por meses para construir o personagem. “Eu assistia a todo mundo fazendo vilão e eu, o galã. Queria viver o bandido”, declara o ator.
Um ano depois de abrir mão de um contrato fixo na TV Globo para ter mais liberdade para realizar seus projetos, Caio diz ter alcançado seu objetivo. “Foi nesse período que consegui mais retorno financeiro, profissional, me senti em crescimento”, conta o ator que, além da novela, está filmando Se a Vida Começasse Agora, filme sobre o Rock in Rio, que será lançado em 2016.
Em entrevista a QUEM nos bastidores da novela, ele revela que é marceneiro, elogia a parceira de cena, Maria Casadevall, mas evita falar sobre um possível relacionamento entre os dois. “É ótimo trabalhar com a Maria”, elogia, sem confirmar o namoro.
Como você desenvolveu o Grego?
 Investi em um laboratório pesado. Passei alguns meses indo às favelas da Vila Prudente, Capão Redondo e Vietnã, em São Paulo. Muito do que trouxe para o personagem não veio exatamente do chefe do local. Peguei coisas de várias pessoas. Fiquei de observador para sentir o fluxo. Eles estão amarradões porque o Grego os representa. Me telefonam e isso torna meu trabalho de construção diário.

  O que você ouve do público sobre o personagem?
 Falam as gírias dele, me mostram a tatuagem dos filhos. A molecadinha se amarra. Tem os mingregos, os menininhos com cruz do lado (mostra a tatuagem falsa no rosto). Eu assistia às novelas antigamente e  sempre algum ator emplacava uma gíria. Pensava: “Será que um dia vou conseguir ter um bordão?”. Esse dia chegou! Sinto vontade de chorar quando repetem minhas gírias. Fiz com tanto amor, tirei meses da minha vida e as pessoas estão gostando.

 Pode-se dizer que Grego é seu personagem mais marcante?
Sempre o próximo é mais marcante. Esse foi o mais diferente, o que mais fugiu do que eu estava habituado a fazer. Assistia a todo mundo fazendo vilão e eu, o galã. Queria viver o bandido.

Você não gosta do rótulo de galã?
Não me incomodava porque até então eu só havia sido galã, foi a função designada a mim. Mas aí comecei com o Grego e ninguém falou mais nada. Agora é o bandido. O rótulo é momentâneo.

 Há um ano você abriu mão de um contrato fixo na TV Globo. Está feliz com a decisão?
Sem dúvida. Era isso o que eu queria, fazer cinema, expandir minhas possibilidades. Agora estou fazendo a novela e cinema (o filme Se a Vida Começasse Agora). Rodei este ano Travessia, que estreia 4 de novembro, com o Chico Diaz. Morei quatro meses em Salvador para filmar. Foi nesse período (sem contrato) que consegui ter mais retorno financeiro, profissional, me senti em crescimento.

Dos 18 aos 26 anos sua vida e carreira deram um salto enorme. Faria algo diferente?
Não, qualquer coisa que eu mudasse alteraria o trajeto dessa história. Algumas coisas foram necessárias para que outras acontecessem.

  Como assim?
Eu poderia ter feito melhor Fina Estampa (2012), que aconteceu antes de eu sair de férias, depois de ter emendado cinco anos de trabalho direto. Estava exausto de tudo, cansado de mim, de trabalhar, de ser famoso, cansado de absolutamente tudo. O último ano (antes dessas férias) foi difícil, não tinha vontade de vir para o trabalho. Teve um dia em que cheguei em casa pilhado, não tinha sono, não conseguia decorar texto, então tomei um remédio para dormir. Dormi o dia inteiro, não apareci para gravar. Tudo errado. Precisei passar por isso para saber como é.

  Você ainda mora sozinho?
 Moro. Sou organizado, quase metódico, minha casa é arrumadinha. Tenho um anjo, a Giza, que me ajuda, faz a comida, arruma a casa três vezes por semana. Comprei a casa há um ano e montei uma oficina. Mexo com madeira. Faço umas artes. Aprendi com meu pai (Vitor Castanheira, de 53 anos), que fazia por hobby. Acho que está no sangue. Ontem fiz um organizador de mesa. É uma terapia.

 É verdade que você é superapegado a sua avó?
É verdade. A dona Isaura está com 76 anos. Meus pais trabalhavam e eu ficava com ela depois do colégio. A vida inteira ouvi dela: “Você precisa ter respeito e amor pelas pessoas”. Aprendi sobre amar as pessoas quando fui para a igreja, aos 11 anos. Quando comecei a trabalhar, aos 14, vi o que era respeito. Trabalhava como garçom e ajudante geral para ganhar 170 pratas por mês. Foi o pior trabalho da minha vida, mas a melhor coisa que fiz porque aprendi como a vida é. Sei como é duro estar do lado de lá.
 E como você está agora?
Trabalhando bastante, tem dia que esqueço até de tomar banho. Mas estou feliz. É doideira fazer um filme e uma novela juntos, mas personagem bom a gente não nega.

 Você ainda faz bailes de debutante como príncipe?
 Não como antes. Saía de casa na sexta-feira e voltava na segunda direto para o Projac. Hoje faço se for especial. Comprei minha tranquilidade. Dinheiro é bom para não se preocupar com ele.

 O perfil do personagem mudou, agora está fazendo par com a Margot (Maria Casadevall) a pedido do público. O que achou?
 Não sei se gostei muito. É difícil fazer o bonzinho. Ser galã é chato. Estava com a faca e o queijo na mão, fazendo um personagem gostoso. Agora vem o trabalho desafiador de manter o que é o Grego. Mas é ótimo trabalhar com a Maria, ela é muito boa atriz, muito preparada, isso salva.

FONTE\QUEM

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