sexta-feira, 24 de agosto de 2018

MC Koringa diz não gostar de letras explícitas no funk: 
"O sexo pode ficar entre quatro paredes"
Por Isabela Pacilio
 Produtor ainda conversou com QUEM sobre a repercussão de 'Quero Que Tu Vá', hit do momento com a cantora Ananda Com mais de 17 milhões de views, Quero Que Tu Vá é o mais novo hit do funk brasileiro.
A música, que expressa um sentimento bem sincero, foi produzida por MC Koringa -- que como produtor prefere ser chamado como Joker Beats -- e é um sucesso na voz da cantora Ananda. 
 O funkeiro criou a música no banheiro, enquanto tomava banho.
"Tenho que deixar o telefone por perto porque pode surgir uma ideia e ele está ali. 
Já perdi um aparelho fazendo isso e até investi em um telefone um pouquinho mais resistente [à água] para não quebrar (risos).
 E aí, eu fiz o refrão [da música]", contou ele, que achou que a letra não fosse combinar com o estilo de trabalho. 
 "No dia em que a Ananda estava em casa, eu mostrei para ela. Eu não cantaria, mas achei que ficaria perfeito na voz dela.
 Terminamos de compor a música juntos. A gente criou algo que sempre foi a vontade de todo mundo, nem que se fosse no pensamento, de xingar alguém. 
É uma música sincera!", diz Koringa, que acredita que a honestidade da música é um ponto que cativa o público.
 Mc Koringa e Ananda

 "Por isso que abraçaram a música com tanta força, a ponto de falar que é um hino, um mantra.
As pessoas entenderam que o funk já é visto como apelativo ao sexo e à violência e não é só isso. 
Elas entenderam que a gente não estava só xingando alguém, falando um palavrão aleatoriamente.
Tem um contexto, tem um sentido. Se as pessoas parassem de xingar da boca para a fora e xingassem no pensamento, ter esse controle emocional e conseguir travar, muitos problemas poderiam ser evitados, muitas brigas."
 Koringa não deixa de reconhecer a importância do funk atual no mercado e na cultura do país, mas ressalta que o sexo não deveria ser o foco da música.
 "Quando eu era criança, ouvia algumas músicas que eu não via maldade nenhuma. 
Quando eu cresci e adquiri a malícia, eu entendi as músicas.
Sou a favor do duplo sentido inteligente, eu acho muito artístico você fazer uma música que consegue preservar a inocência de quem é inocente e mexer com a malícia de quem é malicioso. Isso é uma arte fantástica."
 Para ele, falta ousadia nos artistas do funk.
"Não estão com coragem de ousar fazer algo mais limpo, mais puro. 
A música em si, principalmente as mais eletrônicas, te levam a dançar.
Não precisa falar de sexo nessas músicas, a gente só precisa dançar. Até 2006 e 2007, as músicas falavam de dança. 
A gente teve Bonde do Tigrão, várias companhias de dança que movimentavam os bailes.
E de repente, tudo foi para a conotação sexual, de violência, e não tem necessidade de tratar as músicas desse jeito. 
Eu não sou contra, não repudio quem faz isso, porque às vezes a pessoa que faz esse tipo de música vive em uma realidade que só oferece aquilo para ela, e às vezes ela não tem força de botar a cara na janela e ver a paisagem de outra forma, sair da caixinha."
 Koringa até mudou seu nome artístico como produtor para Joker Beats, para se diferenciar de seu papel de cantor.
 "Como produtor, quero dar uma contribuição para o mercado e mostrar que existe a possibilidade de arte, seja na batida, na letra.
Fazer as pessoas dançarem e lembrarem que o sexo pode ficar entre quatro paredes, na intimidade de cada um, seja qual gênero for, e que a música pode apimentar um pouco o momento, mas não precisa falar de sexo para apimentar nada. 
Pode ser uma música sensual", explica. 
O músico, que emplacou vários hits em novelas da TV Globo, conta que quando era criança se espelhava em cantores como Tim Maia. 
"Hoje os jovens estão olhando para os artistas e querem ter o que ele tem, não ser o artista.
A música vai ficando para o segundo plano e a gente não pode deixar isso acontecer." 
 Para Koringa, mais artistas devem se destacar no mercado internacional para representar o país.
"Eu acho que a Anitta fez o dever de casa muito bem feito. 
Não é à toa que ela representa o Brasil, a nossa música em geral, ela é uma artista de A a Z.
Ela representa muito bem lá fora. Só que a gente precisa de muitos personagens para fazer coro junto com ela", explica ele. 
 Mesmo acreditando que o palavrão é uma forma sincera de se expressar, Koringa deixa claro que dentro de casa as filhas respeitam o desejo dos pais.
 Ele é pai de Thamyris, 18, Anna Vitória, 9, e Lívia, que nasceu em abril, do casamento com Manoela Alcântara. 
 "Se elas não ouvirem palavrão em casa, elas vão ouvir na rua, na escola, nas festas.
 Minha filha mais velha não fala 'merda' dentro de casa", contou ele, revelando que já até levou uma bronca da filha Anna Vitória, quando produziu Quero Que Tu Vá e em uma canção que falava sobre cigarro. 
 "Ela fez uma cartinha para mim, deixou na minha mesa do estúdio, está escrito:
'Poxa, eu já conversei com você que não quero ouvir música proibida e falar de fumo. 
Na próxima, eu não vou falar nada. Vai dar para perceber pela minha cara. Não fique triste comigo'.
Quando eu escrevi 'Quero que tu vá', ela falou assim: 'Pai, a gente já conversou. 
Não quero ser chata com você, é seu trabalho, mas evita [falar palavrão]'."

FONTE/QUEM

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