quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Daniel Boaventura fala sobre casamento e
comemora o sucesso como galã de Passione
Em dezembro, o ator lança o CD Daniel Boaventura
 Italiano, com as músicas que canta na novela

Por Ana Carolina Soares
A sobrancelha franzida e o leve sorriso sinalizavam o constrangimento de quem quer negar um pedido sem grossura. ''Sempre preservei minha vida pessoal. Não quero explorar minha separação da Juliana (Serbeto, 32 anos, advogada), uma mulher maravilhosa que me deu duas filhas lindas (Joana, 7, e Isabela, 1 ano e 10 meses)'', pede Daniel Boaventura, 40. Há três meses, ele e Juliana decidiram terminar um casamento de 12 anos. Fora o namoro, que começou no colegial. Por um desses desencontros da vida, a ruptura acontece ao mesmo tempo em que Daniel passa por um de seus melhores momentos profissionais, como Diogo Dias, o misterioso cantor de Passione, da Rede Globo.

Em dezembro, lança o CD Daniel Boaventura Italiano, com as músicas que canta na novela. O sucesso veio ao longo de 20 anos de luta do filho de intelectuais que cantava ópera na terra do axé. ''Sou metódico e racional até no amor'', diz. Na conversa, parece temer que toda a vida se resuma à notícia de sua separação. Bobagem. Depois de um tempo, mais confiante, Daniel se permitiu falar sobre suas dores e alegrias.


Cantare!

Você sempre gostou de músicas italianas?
Sempre ouvi ópera. Minha irmã (Lídia Boaventura Pimenta, 45, próreitora da Universidade do Estado da Bahia) sempre ouvia Eros Ramazzotti, mas não me identificava.

Então por que fazer um CD com canções populares italianas?
Foi ideia do Silvio de Abreu. Ele me convidou para fazer o papel, disse que eu cantaria numa cantina e sugeriu: ''Por que você não aproveita e grava um CD em italiano?'' Achei a ideia ótima. Meu negócio é jazz, rhythm'n'blues, pop music e não falo italiano. Sou perfeccionista e contratei uma professora para treinar cada frase das músicas. Hoje, adoro cantar em italiano, em especial, Una Lacrima Sul Viso.

Italiano é uma língua passional. Do repertório, qual a música que mais o emociona?
E Po Che Fà, que é a versão original de Bem Que Se Quis. É uma canção napolitana e foi a mais difícil de gravar. Imagine se um americano cismasse de cantar um xaxado de um cara com um sotaque nordestino bem arretado? Tive a mesma dificuldade (risos). Semana passada, estava com minha filha no carro. Ela ficava quietinha e pedia para colocar a música de novo e de novo. Até que, numa hora, do nada, ela começou (e imita o timbre infantil): E Po Che Fà/ se resto a dire quel che non vorrei/ se presti tutto non respiri più... Fiquei abismado. Estacionei o carro, peguei meu iPhone e gravei. Crianças têm uma facilidade natural com línguas, mas Jojo é muito talentosa e bem afinada. Ela é incrível!

Separação

Há um novo amor?
Não há nada em vista. Sou workaholic, estou bem focado no trabalho e tem novidades profissionais para 2011.
Como está sua vida de solteiro?
Sou tranquilo. Nunca fui de baladas. Gosto de sair em pequenos grupos de amigos para comer pizza e tomar vinho. Um dos meus maiores prazeres é ficar em casa comendo castanhas vendo Blu-ray sozinho ou ao lado da minha filha.

O que mudou?
Em termos de logística, não mudou muito. Minha família e eu moramos em São Paulo e, quando gravo no Rio, fico em hotel. Continuo trabalhando feito um alucinado. Só nesta semana (na quinta-feira, 2), já fiz três pontes aéreas. Com isso, Jojo continua me perguntando: ''E aí, pai, quando você chega do Rio?''

Como administra a dor do rompimento?
O importante é ser forte, concentrar nos filhos, fazê-los se sentirem seguros, amados e você estar sempre presente.

Como suas filhas reagiram?
Bebé é muito pequenininha, não entende, e a Joana está tranquila. Não teve briga, não precisou chamar o juiz para determinar visitas. Juliana, Jojo e Bebé são minha família e nunca deixarão de ser. Minha mulher e eu sempre fomos muito companheiros e continuamos assim. Não poderia ter pedido uma mãe melhor para nossas filhas.

Então por que acabou?
Chega um momento em que é preciso repensar as coisas. Esse momento chegou para a gente. Tudo, de certa forma, acaba. Muitos casais passam por isso. O melhor é conduzir a situação da forma mais positiva e menos dolorida possível.

Passione

Diogo teve uma paixão fulminante por Clara. E você? Já sentiu algo parecido?
Não... Tendo a ser muito racional quando lido com questões afetivas. Amor, para mim, é cumplicidade, afinidade, ter metas parecidas. Nem eu nem Juliana sonhávamos em nos casar, por exemplo. Mas a gente é muito parceiro, cúmplice e aconteceu de a gente se casar, ter filhas maravilhosas e ficar juntos por tantos anos. Ela é incrível: foi e sempre será uma pessoa muito amada, essencial na minha vida. Mas o amor, no sentido de paixão, é algo complicado para mim... Não um trauma... Invejo quem consegue se expressar na ação e reação, imediatamente. Eu, não, analiso tudo. Mas tenho sentimentos, me apaixono, sou ciumento e possessivo quando amo.

Ciumento como?
É terrível para mim admitir isso, mas, por exemplo, eu fico p... se vir minha mulher dançando com outro homem. Lembro de uma namorada, eu tinha uns 16 anos. Era na época da lambada e a gente morava na Bahia. Fiz musicais, mas só aprendi a dançar esses ritmos de salão neste ano, com o Jaime Arôxa, para interpretar o Sólon de Cama de Gato. Antes, eu ficava de canto, só olhando, não era a minha. Aí ela falou: ''Ai, adoro dançar lambada com aquele cara''. E eu disse: ''Vá lá, dance''. Mas fiquei p... da vida (risos). O relacionamento foi se esvaindo e terminou.
Cantar é um ato de sedução. Já cantou para uma mulher?
Já, para a Juliana. A primeira música que cantei para ela foi You've Lost That Loving Feeling, na versão do Elvis Presley, anos atrás. Mas foi algo particular. No palco, canto só para o público, para pessoa que está na plateia.

Passado e futuro

Você era lider na escola?
Nada! Entre 8 e 11 anos, morei na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Depois, voltei a Salvador, minha terra natal. Não me adaptei no início. Eu era ingênuo e os garotos baianos já sabiam tudo, se é que você me entende (risos). Até hoje não posso ouvir The Winner Takes It All, do Abba, que vem toda a depressão da época (risos).

Quando melhorou?
Aos poucos. Um tempo depois, as meninas descobriram que eu cantava em inglês. Eu ficava lá, no meio da rodinha, com umas garotas altonas até do 1o colegial e cantava Sunshine on my Shoulders para elas. Mas era na inocência. Na 7a série, eu já estava totalmente adaptado. Participava de bandas de rock, dirigia e produzia peças de teatro.

Você vive hoje o sonho de adolescente?
Nunca imaginei que participaria de uma novela das 9. Na minha adolescência na Bahia, a terra do axé, eu cismava em cantar jazz. Gravar dois CDs, um deles com 40 mil cópias vendidas, é a realização de um sonho.

E o futuro? O que planeja?
Sou perfeccionista, workaholic, mas não faço planos a longo prazo. Espero continuar atuando e cantando. Tenho uma equipe e, aos poucos, a gente está conseguindo arquitetar um plano sólido, com dedicação, planejamento e muito trabalho.

FONTE\CONTIGO

Nenhum comentário:

Postar um comentário