sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Nando Reis:
“Minha música não tem rótulos”
Cantor e compositor lança album como intérprete de canções nada convencionais para seu repertório, como a lambada Chorando se foi e o forró Severina xique xique 
Por Danilo Casaletti
O cantor e compositor Nando Reis estreia nesta quinta-feira (2), no Credicard Hall, em São Paulo, a turnê do projeto MTV ao vivo Bailão do Ruivão (Universal Music). Lançado recentemente em CD e DVD, o novo álbum traz o ex-Titãs bem diferente. Agora como intérprete de músicas – nacionais e internacionais – que aparentemente não estariam associadas à sua trajetória dentro da música brasileira, mas que, segundo ele, sempre estiveram dentro de seu imaginário musical.

Nando dá suas versões para canções como Fogo e paixão (Wando), Muito estranho (Dalto), Whisky a Go Go (Roupa Nova), Frevo Mulher (Zé Ramalho), Severina xique xique (Genival Lacerda), You and I (Rick James) e I can see clearly now (Johnny Nash).

“Além de ouvir os discos de rock que eu comprava, eu ouvia muito dessas canções nas rádios”, afirma Nando. “A minha música não tem rótulos, nunca gostei disso”, diz o compositor, afastando qualquer estranhamento com o repertório do Bailão.

No registro feito em agosto passado, Nando teve como convidados Zezé Di Camargo & Luciano em Você pediu e eu já vou daqui, Joelma e Chimbinha (Calypso) em Chorando se foi, Micheline Cardoso em Islands in the stream e da banda Zafenate, do seu filho Theodoro, em Could you be loved.

Para o show desta quinta, Nando convidou Guilherme Arantes para dividir os vocais em Lindo balão azul, um dos pontos altos do álbum e do show, além da banda de Theodoro. A apresentação será um misto de seus sucessos com as canções do projeto Bailão do Ruivão.

Em entrevista a ÉPOCA, Nando contou como surgiu o projeto e confessou que estava “sem a mínima vontade” de fazer um novo álbum de inéditas. O músico também falou da sua relação com o filho, de 24 anos.

ÉPOCA - Esse projeto nasceu quase que como uma brincadeira que você fazia no final dos seus shows, foi isso?
Nando Reis – Não foi exatamente uma brincadeira. Nasceu há dez anos, quando eu estava fazendo uma passagem de som em Feira de Santana, na Bahia. Eu queria tocar My pledge of love (Joe Stafford), que eu adoro. Eu tinha uma dúvida em um verso e pedi para meus músicos me explicarem. Tocamos e ficou aquele baita astral. Decidi adota-la como música do bis. Acabei percebendo que a melodia tinha certa semelhança com Fogo e paixão do Wando e emendei as duas. No começo foi casual, mas depois, a cada turnê, eu incluía canções novas no bis e descobria novas associações.

ÉPOCA – E foi isso que formatou esse novo projeto, então?
Nando – É. Eu tinha acabado de fazer a turnê do álbum Drês e não estava com a mínima vontade de fazer um disco de inéditas. Pensei nesse projeto, algo diferente. São músicas que têm muito a ver comigo...

ÉPOCA – Talvez por sua passagem pelo Titãs, as pessoas se surpreendam quando você diz que escutava músicas como Muito estanho e Não me deixe nunca mais...
Nando – É verdade. Mas, além de ouvir os discos de rock que eu comprava, eu ouvia tudo o que tocava nas rádios...

ÉPOCA – Essa associação com o rock de alguma forma te prejudicou quando você saiu dos Titãs e partiu em carreira solo?
Nando – Por conta da minha relação com a Marisa Monte e com a Cássia Eller, muitas pessoas pensavam justamente o contrário, que eu era um cara da MPB. No ano passado, quando eu lancei o disco Drês, muita gente se surpreendeu com a pegada roqueira dele, com as guitarras mais fortes. Mas, na verdade, não ligo para isso. Minha música não tem rótulos.

ÉPOCA – Quando você saiu do Titãs, você estava justamente atrás dessa liberdade.
Nando – Claro. Essa limitação já estava prejudicando minha relação com a banda. Eu queria liberdade de escolha de fazer meus discos, minhas turnês... Queria partir para uma outra etapa da minha carreira.

ÉPOCA – Uma boa parte da sua obra ficou marcada na voz da Cássia Eller. Você procura outra intérprete para as suas composições?
Nando – Olha, nunca procurei uma única voz para as minhas músicas. Eu sinto é falta da Cássia, que não está mais aqui...

ÉPOCA – No DVD, tem a participação da banda do seu filho Theodoro. Como foi dividir o palco com seu filho?
Nando – Posso dizer que foi uma grande emoção. Eu admiro muito a banda dele. É muito interessante porque, apesar de ser de puxar mais para o reggae, vejo certa semelhança com os Titãs, tem um monte de gente... Em um projeto como esse, que eu canto minha história, minha relação com a música, nada mais justo que chamar o meu filho, já que nossa relação também é muito pautada por ela.

FONTE\EPOCA

Nenhum comentário:

Postar um comentário