segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma dupla do barulho
'Os caras de pau':
 Hassum diz que Melhem é o homem de sua vida
Quejo e goiabada, dança e música, futebol e bola, praia e sol, Leandro Hassum e Marcius Melhem. Um pode até existir sem o outra, mas não teria a mesma graça... E bota graça nisso! Os humoristas, que deixam nossa hora de almoço de domingo muito mais agradável, toparam a brincadeira, óbvia à primeira vista, mas que ninguém nunca lhes tinha proposto: se caracterizarem como uma das duplas mais simbólicas do humor mundial: O Gordo e O Magro. Depois das muitas caras e bocas para a divertida sessão de fotos, bati um papo alto-astral com eles. Confira:

— Como vocês se conheceram?
Hassum — Num motel. O Marcius era garoto de programa... (risos)
Melhem — Palhaço! Eu dirigi o Leandro numa peça, “Toda donzela tem um pai que é uma fera”, em 2000. A gente já tinha ouvido falar um do outro, mas não se conhecia. Os amigos comentavam: “Você tem que conhecer o Hassum, ele tem tudo a ver contigo”.
H — E eu odiei ele...
M — É, a princípio a gente se estranhou... Mas, depois, sacou que tinha uma química boa em cena. Tínhamos estilos parecidos naquela época, eu era mais histriônico. Mudei quando passei a trabalhar com o Leandro. Humor é contraponto. Jogo mais por baixo, levantando a bola para ele...
H — Eu por cima, você por baixo... (risos)


— Vocês se completam, não é?
H — O Marcius sempre me deixou completar ele... (risos) Mas foi uma grande coincidência. Não procurei um magro para mim e nem ele procurou um gordo para ele.
M — Quer ver uma coisa? Apesar dessa semelhança, a dupla O Gordo e O Magro é a nossa referência mais distante.
H — Eles são maravilhosos, mas nosso ritmo de humor é outro. Se a gente fosse se comparar, seria com Jerry Lewis e Dean Martin, Abbott e Costello, Os Trapalhões...
M — Tudo é referência para a gente! Os Três Patetas, os Irmãos Marx, Monty Python... Todo esse humor mais antigo.

— Dá para perceber que se divertem fazendo “Os caras de pau”...
H — Ainda vou aprender a escrever e vou acabar com ele (Marcius é o roteirista do programa). Jorginho nunca beija na boca da mulherada...
M — É que se o gordinho se der bem vai perder a graça, né?
H — Não quer ver seu amigo feliz?

— Como é a personalidade de cada um fora de cena? Quem é o mais sério da dupla?
H — Marcius é bem mais sério. Eu sou palhação!
M — O Leandro é tão brincalhão, tão gente boa, que eu fico mais antipático ainda ao lado dele. Pareço, realmente, um mal-humorado.
H — O bom humor, a bobeira me ajuda até quando estou muito cansado. Me relaxa sacanear os outros.
M — Comigo é o contrário. Quando estou cansado, fico mais quieto, guardando energia.
H — São dez anos de convivência. Temos liberdade um com o outro para dizer: “Bicho, relaxa, você está sério demais” ou “Leandro, você está passando dos limites”.
M — Falamos tudo um para o outro, tudo. Se tem uma discordância, discutimos até resolver, não levamos para casa.
— Como qualquer “casal”, vocês brigam?
H — Engraçado... A gente não briga...
M — Em dez anos, a gente deve ter tido umas duas brigas só. Mas é sempre profissional e sempre acaba na hora.

— E ciúme de outras parcerias, rola?
M — Ele é ciumentão!
H — Sou, pra caramba! E assumo!
M — Para você ver: Lelê já chegou a queimar a filipeta da peça “Enfim, nós”, em que eu contraceno com a Fabíula Nascimento, durante o show solo dele.
H — Olha, é brincadeira. Eu adoro a Fabíula! Mas sinto ciúme, sim.

— Mas na época em que Marcius fez “Caminho das Índias”, você formou outras parcerias no “Zorra total”... Com a Fabiana Karla, por exemplo.
H — O Sherman (diretor do humorístico) tentou isso, não eu.
M — Até porque, quando eu saí para fazer a novela, o programa já tinha nos separado. Eu fazia o quadro da Lady Kate, como Glauber...
H — Isso é importante falar! A gente não estava mais junto porque o Marcius fazia aquele quadrinho com aquela menininha (diz, com desdém, aos risos). A Fabiana é uma querida, mas nunca a encarei como minha dupla. Nunca busquei uma nova parceria, ao contrário. Quando não estou com o Marcius, quero estar solo.
M — É diferente você contracenar e você ser uma dupla. Ser uma dupla é algo mais profundo, de identificação. Um trabalha na respiração do outro. A gente não se entende pelo olhar, a gente se entende sem se olhar.
H — É um trabalho de não ter vaidades. Quando você trabalha com uma pessoa, por mais entrosamento que tenha, se não é a sua dupla você vai ficar melindrado. Vai pensar assim: “Deixa ela, é o momento dela. Ela pensou desse jeito a cena e eu pensei de outro”. Se é com meu parceiro, a gente já pensa igual.

— No contexto de vocês, mais ainda, já que o Marcius escreve e atua...
M — Quando escrevo, o importante é as cenas ficarem boas. As melhores piadas eu coloco sempre para ele. É uma besteira ficar se defendendo, puxando as coisas para você. Quanto mais a gente é generoso um com o outro, mais a gente fica junto, mais tudo sai bem.
H — Claro! Não tem aquele climinha: “Pô, essa cena aí o cara escreveu para ele...”
M — Não existe isso. Quem vê o programa percebe que escrevo para o Leandro brilhar. E fico feliz quando ele brilha.
H — O mérito da construção é todo dele. E eu estou ali só para tocar para o gol.
M — Existe, dentro da televisão, gente que conta fala. Eu não, não fico pensando: “Ele tem uma, duas, três falas, vou ter que botar mais duas para mim...”.

— Vocês devem conviver muito mais um com o outro do que com as respectivas famílias, não?
M — Acho que só conseguimos trabalhar tanto porque temos estruturas familiares muito fortes. Foram pactos bem feitos em casa, com nossas mulheres e filhas (Hassum é casado com Karina e tem uma filha, Pietra, de 11 anos; Melhem é casado com Joana e tem duas filhas, Manuela e Nina, de 1 ano e 7 meses).
H — Já chegamos a receber um único convite para uma festa da emissora. Questionamos sobre o direito de levar nossas esposas e a resposta veio em forma de pergunta indiscreta: “Ué, vocês não são um casal?”. Que loucura, né? Mas faz parte. O jeitinho do Marcius costuma causar essa polêmica... (risos)
M — Até nas férias, parece que a gente combina... Sem saber, duas vezes, fomos para os mesmos países, nas mesmas datas. E nos encontramos lá, acredita?

— Se consideram melhores amigos um do outro?
H — Claro! Marcius é meu irmão. Mais: ele é o homem da minha vida, sempre será!
M — Idem! (rindo, sem graça).

— São do tipo que perdem o amigo mas não perdem a piada?
M — Já fui. Hoje eu perco a piada.
H — Eu também!

FONTE\EXTRA

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