quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Alexandre Nero:
'Posso não ser bonito, mas 
desperto o interesse feminino'

Por Luisa Girão
Se o seu personagem no folhetim de Aguinaldo Silva é cheio de preconceitos, o mesmo não se pode dizer do seu intérprete. Alexandre acredita que seu papel é defender Baltazar, por mais que ele não mereça. “Qualquer pessoa pode cometer uma agressão em um momento enlouquecedor. Inclusive mulheres”, afirma ele, que é musico e tem dividido seu tempo entre as gravações da novela e a divulgação do seu terceiro CD solo, “Vendo Amor”.
Sem fugir de polêmicas, o ator ainda diz que as novelas não deveriam servir de exemplo para as pessoas. “Os telespectadores precisariam ter discernimento para compreender que aquilo é ficção. 
Não deveria haver temas proibidos. Por isso falam que as novelas são todas iguais. Pelos autores, às vezes os vilões se dariam bem, mas a sociedade não admite”, argumenta. 

Confira abaixo a entrevista:

Embora violento, o Baltazar foi aprovado por mulheres de um grupo de discussão que avaliou a novela“Fina Estampa”. A que você atribui a aceitação?
Ele é amado. E é também odiado. O fato de gostarem do Baltazar tem a ver com a distinção entre o ator e o papel. As pessoas sabem que não estou batendo em ninguém. Odeiam o Baltazar, mas gostam de mim.

Não é estranho que um personagem violento faça tanto sucesso?
O que mais me assusta é a reação do público sobre o jeito que ele disciplina a filha. Escuto mais que ele devia bater nela do que parar. É um pensamento machista do brasileiro porque a menina não está fazendo nada demais, está apenas dançando funk. Mas existe preconceito da classe média ao gênero e com as meninas que usam pouca roupa. Fala-se sobre crimes sem censura. Mas uma cena com uma mulher de biquíni não pode ser exibida às 18 horas. Os valores estão trocados.

Frequentou algum centro de ajuda às mulheres?
 Não, porque ficaria muito afetado emocionalmente. Foi muito difícil no começo. Como iria fazer um cara que bate numa mulher sem culpa alguma? A violência física já é distante do meu universo, ainda mais numa relação amorosa!

Então, por que você acha que o Baltazar é assim?
Esses caras são frágeis, inseguros, impotentes – tanto sexualmente quanto emocionalmente - e dependentes das mulheres. É por isso que ele acaba extravasando dessa forma. Tem medo de perder a família e a mulher.

Você já esteve envolvido em uma situação de violência doméstica?
 Não. Mas acredito que durante o surto, qualquer pessoa pode fazer esse tipo de coisa. Qualquer pessoa pode cometer uma agressão em um momento enlouquecedor. Inclusive as mulheres.

Qual é o papel da novela na conscientização de temas polêmicos?
 Acho que o papel da novela não é dar exemplos. Pelos autores, às vezes os vilões se dariam bem, mas a sociedade não vai admitir um negócio desses. Outro dia estava vendo a reprise de “Vale Tudo,” que é maravilhosa! Os atores e o diretor são os mesmos. Então, por que não se fazem mais novela como essa? Porque a censura não deixa. Não é porque os caras ficaram ruins.

A sociedade é hipócrita?
 Somos todos hipócritas, o tempo inteiro. E essa hipocrisia faz com que as pessoas se sintam ofendidas. Por exemplo, quando se assiste a uma cena de sexo com uma criança do lado, ao invés de explicar para ele o que significa aquilo, a reação é mudar de canal ou até processar a emissora. Como aquela criança nasceu? Fazendo exatamente isso. Mesma coisa com assuntos como drogas e aborto.

No início da sua carreira na TV, você disse que não se sentia à vontade com a fama. Já se acostumou?
Ainda fico meio tímido quando vêm falar comigo. Tenho horários alternativos para ir ao mercado, não saio para lugares muito movimentados porque todo mundo fica olhando e comentando. Mas fama é uma coisa, sucesso é outra. Fama é você ser conhecido e ninguém saber por quê. Sucesso é prestígio. Quero sucesso, não quero fama.

Em abril, você anunciou que estava se separando da Fabíula Nascimento. Como é a relação de vocês?
A gente se adora. Claro que no início é complicado, afinal separação é terrível para qualquer um. Mas ela é uma mulher que fez parte de dez anos da minha vida, que me ajudou em muita coisa, talentosíssima. Fiz questão de colocá-la como parceira de uma música nesse meu novo CD. É como se a gente tivesse algo concreto. Como não temos filho, está aqui o filho! Não guardo rancor nenhum, só carinho dela.

O assédio feminino aumentou?
Sempre tive um grande assédio feminino. Mesmo antes da TV, porque sempre fui músico. Mas é claro que agora aumentou. Afinal, sou um homem solteiro, de 41 anos, heterossexual, me considero um cara inteligente. Até o meu próprio assédio com as mulheres aumentou, já que agora sou solteiro. (risos).

No blog, Aguinaldo Silva postou: “Alexandre Nero, em qualquer concurso sobre objetos do desejo feminino, concorreria pau a pau com Malvino Salvador, Caio Castro e Paulo Rocha, os três bonitões da novela." O que acha dessa imagem de galã?
 Claro que não me acho galã. Os bonitos que me desculpem, mas sex-appeal é fundamental. Não adianta ser bonito e sem sal. Posso não ser bonito, mas acho que em algum lugar desperto o interesse feminino. Existem outros tipos de galã. O Murilo Benício e o Tony Ramos foram galãs a vida inteira e não têm o estereótipo. Selton Mello e Wagner Moura são caras interessantes, que despertam outro tipo de interesse e não o físico. Estou nesse lugar.

Você é vaidoso?
Sou, mas tento não ser doentio com isso. Sei que sou meio gordinho, mas tenho meu charme. Eventualmente, se eu tiver que fazer um papel de galã, vou tomar mais cuidado. Emagrecer, cuidar mais da roupa, me maquiar, esconder olheira...

Além da novela, você está lançando seu terceiro CD, o “Vendo Amor”. A música é uma válvula de escape?
 Hoje, sim. Antes o teatro é que era. Sempre fui um artista conhecido em Curitiba. Fazia show até para cinco mil pessoas.

Quais foram suas principais inspirações para esse projeto?
Falo sobre os diversos tipos de amor. Seja ele ao próximo, pela vida, pelas pessoas... E, claro, o amor do homem pela mulher.

E o que fará depois da novela?
 Queria fazer papel de bonzinho, um gay ou uma comédia caricata. Preciso dar um tempo desses papéis de vilão porque depois as pessoas vão começar a achar que eu sou realmente mau (risos). Fora isso, em março, lanço o filme “A novela das 8” e, em abril, gravo o DVD do disco na minha casa, em Curitiba. Também estou em negociação com a Globo para ver se é possível eu fazer o musical “Gabriela cravo e canela”, de João Falcão. Sou louco para trabalhar com ele.

FONTE\ODIA

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