segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Emanuelle Araújo avança o sinal na pele de Solange, personagem de Nelson Rodrigues 
 Por Flavia Muniz 
 Um mês depois do casamento, todas as tardes, Solange saía de casa, apanhava o primeiro ônibus e partia para mais uma aventura erótica com um amante desconhecido. 
Traía o marido, mas não se dizia culpada, era outra que se entregava e não ela mesma.
 Foi essa personagem ambígua de Nelson Rodrigues, do conto ‘A Dama do Lotação’, que Emanuelle Araújo encarnou, como parte da série em homenagem ao centenário do dramaturgo publicada em O DIA.
Embarque nessa viagem. Emanuelle Araújo encarna personagem de Nelson Rodrigues
 “Sou apaixonada por Nelson Rodrigues, por esse humor ácido que ele tinha. Nelson tratava o lado mais profundo do ser humano, que não é comum na nossa sociedade tão cheia de máscaras”, diz a atriz. 
 Sonia Braga foi quem deu vida à desejada Dama do Lotação no filme de 1978. Sem pudor, se entregou às fantasias eróticas de Solange. “Sonia tinha essa coisa visceral. Não a conheço, mas parece uma mulher de personalidade muito forte e é uma ótima atriz.
 Sou fã do trabalho dela. Muitas vezes, uma cena de sexo ou de nudez é pequena diante do que está sendo contado.
 A obra é maior do que o fato de a atriz estar ou não pelada. Acho que as pessoas ainda veem o nu com caretice”, avalia Emanuelle. 
 A infidelidade retratada na história do jornalista instiga e faz pensar. “Sou a favor da verdade, do papo reto. Acho que a máscara cai sempre em algum momento. 
Ele brincava muito com isso, de a mulher ter coragem de dizer: ‘Estou traindo’. 
Não sei o que é certo ou errado, mas acho que a melhor forma de lidar com qualquer situação é sendo verdadeiro, e aí, arcar com as consequências”.
 O ciúme faz parte, mas para ela é pura vaidade. “Um pouquinho todo mundo tem. Só que tudo o que é exagerado agride a alma”, filosofa. Emanuelle Araújo é a 'Dama da Lotação' 
 No ar na novela ‘Gabriela’, como a prostituta Teodora, Emanuelle sabe explorar seu ‘sex appeal’.
 “Estou em uma obra que trata o despudor sem maldade. 
Tiro a roupa porque estou a fim, não para me mostrar gostosa, lido com o sexo com facilidade porque eu gosto. 
Venho de uma terra (Bahia) onde a sensualidade é algo natural. Não sou ‘femme fatale’, sou totalmente brejeira”, define a vocalista da banda Moinho, que destaca a frase de Nelson Rodrigues “toda unanimidade é burra”, como uma de suas favoritas. 
 As mulheres que deram vida às histórias de Nelson na TV A obra de Nelson Rodrigues também ganhou vida na TV.
E para estrelar suas histórias recheadas de traição, pecado, ciúme e desejos reprimidos, um seleto time de atrizes interpretou diferentes tipos de mulheres, da mais pudica à mais desavergonhada.
 Claudia Raia e Alessandra Negrini foram protagonistas da minissérie ‘Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados’ (1995). Claudia se consagrou fazendo a fase adulta da personagem. 
“No meio das cenas eu tinha surtos de choro, de descontrole, porque era muito profundo aquilo tudo”, conta a atriz, em depoimento ao site Memória Globo. 
 Emanuelle Araújo revive personagem de Nelson Rodrigues Emanuelle analisa as ideias do escritor.
 'Ele tratava o lado mais profundo do ser humano, que não é comum na nossa sociedade tão cheia de máscaras'
No papel da jovem sensual, Alessandra fez sua estreia na TV, com muitas cenas de nudez. “Era tudo tão bonito que nada ficava vulgar, nada ficava à toa”, diz ela. 
 Em ‘A Vida Como Ela É’ (1996), série de 40 episódios exibida no ‘Fantástico’, que foi lançada este mês em DVD, Claudia Abreu, Malu Mader, Maitê Proença, Giulia Gam, Isabela Garcia e Gabriela Duarte se revezaram como protagonistas. 
Em homenagem ao centenário de Nelson, o programa dominical reapresentará, a partir de hoje, alguns episódios: ‘A Esbofeteada’ será o primeiro.
 Mas uma das primeiras mulheres rodriguianas na TV foi Lucélia Santos na minissérie ‘Meu Destino É Pecar’ (1984), ao lado de Tarcísio Meira.
 A atriz já havia estrelado os filmes ‘Engraçadinha’ (1981) e ‘Bonitinha, Mas Ordinária (1980)’.
 As verdadeiras damas da lotação Musas do BRT Transoeste, o corredor exclusivo para ônibus que liga Santa Cruz a Barra da Tijuca, elas não deixam os marmanjos avançarem o sinal.
 A cada viagem, porém, a motorista Fabiana Guimarães, 33 anos, e a cobradora Simone Cristina Gonçalves, 34, são alvos de cantadas de passageiros mais ousados.
 Motorista e cobradora de ônibus são as musas do BRT  “Sempre tem um que fala: ‘Você é o sonho da minha mãe’ e ‘Queria ter uma motorista dessas’.
 Na maioria das vezes, não falo nada. Mas quando é uma coisa mais elaborada, acabo rindo”, conta Fabiana, que é casada e tem um filho de 13 anos.
 “Se eu gosto? Ah, qualquer mulher gosta. Faz bem, satisfaz o ego”, confessa. Simone também adora os elogios e até costumava trocar telefones com passageiros antes de começar a namorar um motorista da mesma empresa onde trabalha agora.
 “Já tive dois relacionamentos com passageiros. Cheguei a namorar um”, revela a cobradora, que se diz solteira e tem dois filhos com companheiros diferentes.
 “Meu namorado trabalha em outra linha. É bom para não ter ciúme. Já vi muito casamento acabar porque tem passageira abusada que dá em cima de motorista”.
 Fabiana virou motorista de ônibus há três anos porque o pai não a achava capaz de dirigir um veículo grande. “Sou taxista também”, diz. 
Já Simone trabalha como cobradora há um ano e meio: “Tive outros empregos, mas gostei dessa profissão”.

FONTE\ODIA

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