terça-feira, 8 de setembro de 2015

Camila Rodrigues:
‘Parei de tomar remédio e se vier um filho será muito bem-vindo’ 
Por Leo Dias
Camila Rodrigues está dividindo opiniões com a rainha Nefertari, de ‘Os Dez Mandamentos’. Isso porque a personagem, que antes era boazinha, está colocando as manguinhas de fora.
 Camila, inclusive, já está sentindo na pele a rejeição do público. Algumas pessoas deixaram até de segui-la nas redes sociais por conta das maldades da vilã.
Mas a atriz está feliz da vida, já que isso quer dizer que o telespectador está acreditando em seu trabalho. 
Na entrevista a seguir, Camila conta como está encarando seu primeiro grande papel na TV e revela seus planos para engravidar.

Nefertari é um personagem denso. Acha que este é o grande papel da sua carreira?
Sim, esse é o grande papel. Na verdade, cada um tem a sua importância, sua significância. A questão não é se o personagem é grande ou pequeno. A questão é você ter uma história a ser contada. Você tem o início, um caminho, uma trajetória… O legal dessa personagem são as fases pelas quais ela passa, porque ninguém na vida é só legal ou só malvado. Nós somos tudo isso e a Nefertari está sendo tudo isso. Aí é muito gostoso, muito gratificante.

Como está sendo a resposta do público nas ruas?
Eu vejo muito pelas redes sociais. Nelas, a gente tem uma resposta quase instantânea e a reação do público mudou muito. A Nefertari era muito boazinha, era uma pessoa de muito bom coração e agora tudo mudou. Eu acho engraçado que as pessoas confundem um pouco. Tem muita gente que me compara a Yunet (Adriana Garambone) agora. Gente que fala ‘nossa, agora você está cobra igual a Yunet’. Tem fãs que vem me dizer que não gostam mais da Nefertari, mas gostam da minha atuação. E tem gente que fala ‘Cuidado, você vai perder muitos seguidores porque agora você está sendo má’. Não, gente! Não sou eu que estou sendo má, é a personagem. O público confunde e é ótimo que confunda. Se estão confundindo assim é porque estão acreditando, estamos passando verdade, que é o que a gente mais busca. Se está chegando a esse ponto das pessoas pararem de me seguir nas redes sociais, de não gostarem de mim, a gente está conseguindo atingir o nosso objetivo.

Nefertari, que sempre foi boazinha, agora que é a grande esposa real está mostrando que tem um lado mau. Na sua opinião o poder corrompe as pessoas? Ou Nefertari sempre teve esse lado malvado dentro dela?
No caso da Nefertari o poder a corrompeu, sim. Ela é filha de quem é, de Yunet e de Disebek (Eduardo Lago), que são duas pessoas que já têm um lado um pouco duvidoso… E tem também a questão da amargura da vida. Ela foi abandonada, ia casar com o homem da vida dela, que é Moisés (Guilherme Winter), e ele acaba tendo que deixar o Egito. Ela não entende o motivo e se sente abandonada, rejeitada. Então eu acho que ela tinha um passado de mágoas, que a deixou muito rancorosa. Isso faz com que o poder a corrompa e ela pensa ‘Agora sim eu tenho as rédeas da minha vida. Agora eu mando’. É uma junção de coisas. O passado, o poder, e da onde ela veio a deixaram assim.

Sua família e evangélica. Você tem alguma religião? Em que acredita?
Eu acredito em Deus. Já frequentei muito a igreja Metodista, vou à Batista do Recreio, mas eu acredito em Deus, sem segmento nenhum.

Cortar o cabelo tão curtinho foi difícil? Está sentindo falta dos cabelos grandes?
Eu gostei muito dessa experiência de cortar o cabelo porque eu não teria coragem de fazer isso se não fosse para uma personagem. Mas chega um momento em que você quer ter um cabelo também. Estou adorando, curtindo todas as fases, mas é engraçado que às vezes eu sonho que já estou com o cabelo meio compridinho, que eu consigo prender. Aí eu penso: ‘Tranquilo cortar o cabelo, ele cresce tão rápido’. Mas aí eu acordo e volto para a realidade e vejo que não cresce tão rápido assim. Eu ainda quero um cabelo comprido e sei que ele vai chegar… Não sei em quanto tempo, então a gente tem que aproveitar essa fase porque eu não sei se vou ter esse cabelo curto de novo. Acho que teria de novo só para uma personagem, para minha vida eu não sei se teria coragem. O cabelo é muito gostoso, pelo fato de você mudar. Em cada produção você fica diferente. O cabelo curtinho te deixa mais exposta, o que eu acho legal. Te dá uma beleza diferente, que eu acho bem interessante. Acabou mudando todo o meu guarda-roupa, meu estilo é bem mais ‘boyzinho’, que eu adoro. São fases que a gente tem que aproveitar.

Você estreou em América, há dez anos. Fez várias produções na Globo. É diferente trabalhar na Globo e na Record?
Não. Às vezes as pessoas também perguntam qual a diferença entre fazer teatro e televisão. Não tem diferença. Eu gosto de atuar, independente de onde seja. Pode ser em cima de um palco, em uma emissora fechada, em uma emissora aberta, no cinema… Foi a profissão que eu escolhi para a vida, acho que ela também me escolheu e eu amo o que faço independente de onde esteja.

Foi difícil gravar no deserto do Atacama?
Foi maravilhoso. É um lugar lindíssimo. Eu já conhecia, já tinha feito ‘José do Egito’ lá e agora eu fui para fazer ‘Os Dez Mandamentos’. É um lugar muito lindo, maravilhoso, mas é difícil pelo clima. De manhã está muito frio, à tarde está muito calor, tem muito vento. As temperaturas são extremas. A dificuldade é essa. E também tem o problema de ser no meio do nada, não tem uma estrutura. Mas eles colocaram umas tendas, uns restaurantes maravilhosos, a comida era maravilhosa. A estrutura de gravação amenizava esses problemas do tempo. O mais difícil foi ter que acordar muito cedo e ter que fazer umas cenas com o clima muito frio. Eram três graus negativos e nós tínhamos que entrar em um lago. A gente acabou tendo que repetir as falas aqui no Brasil porque era tão frio que não conseguíamos falar. Então, o mais difícil foi essa parte do clima mesmo. Mas quando você está lá e vê aquele lugar incrível, você pensa: ‘nossa, eu estou no paraíso’.

O que Nefertari tem de você?
As personagens sempre vão ter alguma coisa do ator. Mas, na verdade, nesse momento da minha vida, eu aprendi muito mais com a Nefertari. Claro que coloco meu corpo, minha voz à disposição dela, mas acho que ela me ensinou a ser um pouco mais forte, a ir atrás do que eu quero. Ela me deu essa segurança. Eu estou com características mais fortes da Nefertari do que o contrário.

Você está casada desde 2012 com o empresário Roberto Costa. Pensa em ter filhos?
Pensamos. Queremos muito e estamos aí… Já parei de tomar o remédio, se vier um filho será muito bem-vindo.

Nefertari mima muito seu único filho. O que você pensa sobre a criação de Amen-herkhepeshef (José Victor Pires)?
É uma educação completamente equivocada. Estamos criando um monstro. Eu não tenho filho, mas acredito que você não deve fazer tudo que a criança quer. Você tem que educar e eles não educam o filho. Deixam o menino fazer tudo porque ele vai ser o próximo rei do Egito.

Estar casada com alguém fora do meio artístico é mais fácil ou mais complicado? Penso que, se por um lado há alguém mais disponível, por outro tem o problema de não entender as cenas mais ousadas… Seu marido não tem ciúme?
Ele não tem ciúme. Nossa relação é muito tranquila em relação a isso. Na minha vida normal ele nunca foi uma pessoa ciumenta e também não é ciumento com meus trabalhos. Ele assiste a novela e em algumas cenas que têm beijo dá uma olhadinha pro lado. Mas assiste, acompanha! Essa é a minha profissão e ele entende muito bem. Admira a profissão, como eu admiro a profissão dele. Então isso é muito legal. Cada um tem a sua profissão, seu individualismo e estamos juntos. Somos casados porque olhamos para o mesmo lugar, sonhamos ter uma família e construir juntos. Mas no trabalho é cada um por si.

Nefertari viveu um dilema no começo da novela, quando ela ficava dividida entre Moisés e Ramsés (Sérgio Marone). Você já ficou dividida entre dois amores?
Ah, sim. Quando era adolescente, novinha, com certeza. Um era mais engraçado, o outro era mais tranquilo… Nessa época você se apaixona pelas características de cada um e ainda não tem uma maturidade para saber o que é um relacionamento, o que é o amor. Você não tem um foco, se apaixona naquele momento, no presente. Quando você tem um pouco mais de experiência, foca em outras coisas, como formar uma família, ter filhos, construir junto, dividir, somar, aprender… Tudo muda. Mas já vivi dois amores na adolescência sim.

Qual dos Dez Mandamentos é o seu preferido?
O meu preferido? Não sei, gente! Ah sim… o meu preferido é a gente ter o domingo, um descanso. Ah, não. Na verdade, acho que o meu preferido é amar o próximo como a si mesmo. É você ter respeito pela pessoa, saber lidar com isso. A gente pensa só na gente e não pensa nos outros. Se a gente fizesse isso, conseguiríamos salvar essa loucura em que vivemos hoje em dia.

Qual foi a pior praga que assolou o Egito?
Para gravar, foram as rãs. Eram sapos enormes. Elas pularam em mim, tive que ficar sentada com elas. Então, para gravar, a praga que eu dei uma ‘suada’, que me deixou mais nervosa foram as rãs. Mas em questão de intensidade, de entrega, claro que foi a morte do meu filho.

Muita gente elogiou sua boa forma nas cenas em que a água da piscina do palácio se transforma em sangue. Como você cuida do seu corpo?
Agora que a gravação está começando a ficar um pouco mais tranquila eu voltei a fazer hot ioga, a ioga Bikram. É uma coisa pela qual sou apaixonada, que me coloca no centro. E seguro muito na alimentação. Sou uma eterna pessoa que entra e sai da dieta o tempo todo. Não consigo ter uma rotina. Acordar, malhar, voltar para casa e ter uma boa alimentação. Fico impressionada com o (Sérgio)Marone que grava o dia inteiro e mesmo assim vai treinar. Eu não tenho essa disciplina. Acho lindo, admiro muito, mas infelizmente ainda não a tenho. Quando a gravação começa a pegar muito, acabo largando os treinos porque fico muito cansada. Quando a novela terminar, quero focar na saúde. Eu e meu marido já temos uma ótima alimentação, mas precisamos fazer mais exercícios físicos. Não é nem uma coisa de estética, mas de saúde mesmo.

Como você avalia hoje a profissão de ator? Os contratos longos estão cada vez mais escassos…
É difícil. A gente trabalha sempre sem saber qual vai ser o próximo passo, vira um ponto de interrogação para a gente. Graças a Deus eu tenho um contrato, mas sabemos que isso está cada vez mais raro. Isso acontece também pelo fato de termos outras posições por fora, como a TV a cabo. Temos HBO, Multishow, GNT… É bom para a gente porque abrange mais, não ficamos presos entre Rede Globo, Record e SBT. Quanto mais para a gente, melhor. Mas essa instabilidade de não ter contrato é complicada. A pessoa quer poder contar com um salário para comprar um apartamento, viajar, formar uma família… Então realmente isso é preocupante, mas não temos escolha. É ruim para a gente, mas por outro lado temos esses outros canais. Tem também a questão da Netflix… Mas não ter um salário, nos deixa muito alerta e preocupados. Mas isso é o mercado. Temos que nos adaptar.

O que você vai fazer depois que a novela acabar?
Não tenho a menor ideia. Eu estava com uma peça com o (Marcos) Mion, mas a novela está me exigindo muito. A novela aumentou, ainda temos mais um mês. Nós íamos terminar em outubro, mas vamos até novembro, então temos mais dois meses de gravação. Estou cansada, estou exausta porque é quase um ano de trabalho, de gravação. É meu primeiro grande personagem na televisão, então estou sentindo a pressão dessa personagem. Meu corpo pede descanso, minha mente pede descanso e eu acho que isso também faz parte do treino. Não adianta eu querer colocar a carroça na frente dos bois e começar um novo trabalho. Eu preciso de 15 dias para viajar com meu marido. Eu tenho marido! Uma família! Então é o que eu quero fazer. Acabar esse trabalho, respirar fundo, pegar meu marido e quero viajar pelo Brasil, ir para Fortaleza, Jericoacoara e ficar pegando sol.

 FONTE\ODIA

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