Adriana Garambone:
‘Não frequento nenhuma igreja’
Por Leo Dias
A entrevistada desta semana é Adriana Garambone, que acaba de se despedir de ‘Os Dez Mandamentos’. A atriz, de 45 anos, viveu a inescrupulosa Yunet, morta ao ser atingida por uma bola de fogo na trama da Record. Agora, Adriana pensa em cuidar da casa e viajar pela Europa com o marido, o psicoterapeuta Arthur Papavero.
Como você analisa a Yunet?
Ela é uma mulher muito forte, muito determinada, estrategista mesmo. Eu acho que se ela tivesse bons adjetivos, seria uma grande mulher. Acho que vem daí o carisma que a personagem conquistou. O problema é que os objetivos dela são torpes, são completamente egoístas e isso a transformou numa psicopata praticamente.
O que que você ouvia nas ruas?
As pessoas ficavam com muita raiva dela, mas ao mesmo tempo achavam Yunet engraçada. Se bem que nessa fase final as pessoas já vinham com bastante raiva (risos). Elas admiram muito meu trabalho. Escuto sempre assim: “Eu odeio você, mas você está ótima”. Primeiro vem o ataque para depois vir o elogio.
Qual foi a pior maldade de Yunet?
Em termos de cena, o que eu achei mais legal foi o assassinato do faraó Setti (Zé Carlos Machado), que foi o momento mais ousado. Ela mata com orus vivo, que era considerado o Deus vivo. Foi o auge da ousadia dela.
Tem alguma religião?
Eu não vou a nenhuma igreja, mas acredito em Deus. Eu tenho a minha espiritualidade, mas não frequento nenhuma igreja.
Você acha que a morte foi o destino merecido da sua personagem?
Acho que sim porque você vai vendo ela destruída, dizendo que o crime não compensa. É isso o que tem que mostrar mesmo para as crianças: que quem não anda na linha, não faz o bem, vai ser punido. Ela foi condenada à morte, a justiça foi feita. Ela não morreu num acidente, mas foi condenada à morte porque o rei descobriu todos os seus crimes e a condenou. No Brasil que a gente vive, é muito importante essa condenação. Quer dizer que a justiça foi imediata. Yunet só conseguiu fazer tudo que fez, enquanto não foi descoberta. No final, ela teve a punição que merecia.
Em várias cenas da Yunet, ela aparece dançando na casa da Senit, você usou dublê de corpo?
Não, eu mesma que dancei.
Gente… aquele corpo todo era seu?
Sim (risos)! Sou atriz de musical, já fui bailarina e ainda usufruo dos tempos de bailarina.
E como você mantém a forma hoje em dia?
Hoje eu só faço ioga.
Muitas atrizes rasparam a cabeça para a novela. Você também raspou?
Não. Aquela cena em que eu apareci careca foi efeito mesmo. O efeito foi tão bom que até o meu porteiro perguntou se eu estava usando peruca…
Você não quis raspar?
O (diretor Alexandre) Avancini não me pediu para raspar. Os atores que apareciam em cenas mais sensuais que precisaram raspar. Na época, os egípcios só tiravam a peruca para dormir ou para transar. Como a Yunet sempre tinha amantes pelos corredores do templo, ela não tinha necessidade de tirar a peruca. Yunet só ficou sem peruca no momento em que foi expulsa do palácio. Eram só quatro cenas e o Avancini não pediu para que eu raspasse a cabeça.
Qual foi a pior praga do Egito?
Para Yunet foi a bola de fogo (risos)… No mais, achoque seriam as úlceras. Eu até dei uma olhada no Google e o que é mais próximo daquela doença é a malária, que hoje está extinta.
E qual foi a pior praga para gravar?
Foi a chuva de granizo e a bola de fogo porque a gente só usou dublê no momento da explosão. Todas as outras cenas foram feitas pelos atores. Eu até levei um tombo porque era muita correria no meio de carrancas. Tive que fazer porque nessa sequência aparecia o meu rosto. Mas todas essas cenas das pragas são bem difíceis de fazer.
Você acha que ainda existe preconceito contra novelas bíblicas?
Claro que sim! Existe preconceito para tudo, mas eu acho que esse sucesso que a gente fez, mostra que é preciso os seus conceitos e pré-conceitos. Eu acho que a novela está acima disso. A Bíblia é o livro mais antigo da humanidade. Quem não gosta das histórias da Bíblia? Quando era criança, eu assistia a todos os filmes bíblicos. A Bíblia é recheada de valores. Eu me interessava desde criança porque ali está o ser humano com todos os seus dilemas, todos os seus medos, as suas vontades e as suas essências. E isso é totalmente desprendido de religião, tanto que eu disse para você que eu não frequento nenhuma igreja, mas amo as histórias bíblicas.
Você já fez novelas na Globo antes de ir para a Record. Sofreu preconceito por isso? Seus amigos da Globo sumiram?
Não, eu tenho amigos na Globo ainda. Eu fiz duas novelas na Globo e um monte de novelas na Record. A Record me proporcionou todo esse amadurecimento que eu tive por acreditar no meu trabalho e me escalar só para grandes personagens. Meus amigos da Globo reconhecem isso e tem muita gente que nunca trabalhou comigo, mas que me trata muito bem. Júlia Lemmertz é uma delas. Eu, aliás, tenho uma admiração incrível por ela. Júlia é carinhosa comigo, elogia o meu trabalho… Não tem nada a ver essa briga preconceituosa de dizer: ‘Eu sou daqui e você é dali’. É uma empresa como outra qualquer e eu estou ali fazendo o meu melhor. Acho bacanérrimo quem compreende e valoriza o bom trabalho onde quer que ele esteja.
Mas a Danielle Winits, por exemplo, era super sua amiga , vocês andavam juntas e hoje em dia não vemos mais essa amizade…
É por uma questão da vida mesmo, de a gente ter ido para grupos diferentes. Isso acontece. Tenho pessoas que foram grandes amigas minhas no colégio e que nunca mais encontrei. Danielle faz novela num lugar e eu faço em outro. E você sabe que novela é quase uma internação! Ela mora no Itanhangá e eu, no Recreio dos Bandeirantes. Não tem absolutamente nada a ver com essa questão que ela é da Globo e eu sou da Record.
Foi difícil para você sair da Globo ou não?
Eu nunca fui da Globo, eu nunca fui contratada pela Globo. Fiz duas novelas e algumas participações em programas, mas meu contrato era sempre por obra. Nunca fui contratada da Globo como eu sou da Record, onde estou há 11 anos e vou ficar por mais três anos. Acho muito difícil eu sair da Record, porque ali eu fiz uma história, uma carreira, né?
Você sai de ‘Os Dez Mandamentos’ com a sensação de dever cumprido?
Com certeza! Foi um trabalho muito prazeroso. Eu tive uma personagem difícil de fazer e acho que eu consegui segurar a peteca dessa personagem tão bem desenhada pela autora Vivian de Oliveira. Sem dúvida nenhuma, ela é brilhante e ficou muito satisfeita com o meu trabalho. Eu estou muito feliz.
E o que você vai fazer agora nas férias?
Vou cuidar um pouquinho da minha casa que está de pernas para o ar. A gente gravava de segunda a sábado toda a semana. Está tudo meio abandonado e vou fazer uma viagem longa, vou ficar um mês na Europa. Quero uma viagem bem legal para dar uma descansada na cabeça e me desligar.
Você mora sozinha?
Não, eu moro com o meu marido (o psicoterapeuta e empresário Arthur Papavero, com quem Adriana é casada há oito anos).
Quase não se acha informação da sua vida pessoal na internet. Por quê?
Eu não falo muito. Sou discreta e gosto disso. Eu cultivo isso na minha vida. Tenho inclusive dificuldade de dar entrevistas, de ir a programas de televisão… Não é a parte que eu mais gosto da minha profissão. Eu gosto de cena, eu gosto de contracenar, eu gosto de atuar.
A invasão à sua vida pessoal é o lado ruim da fama?
A abordagem na rua sempre é muito carinhosa e eu não me incomodo não. As pessoas vêm e se aproximam para tirar foto e elogiar. Não escuto nada que me agrida ou incomode. E também acho que as pessoas sempre tiveram um certo receio… Não é porque eu fiz uma vilã agora, não! Vejo as pessoas se cutucarem e falarem umas para as outras assim: “Olha ela lá”, mas não sei por que eu não sou muito popular.
Você acha que impõe medo nas pessoas?
Não, não sei o que é. Muita gente comenta, mas não toma a liberdade de se aproximar e pedir uma foto, falar.
Você deixou de fazer alguma coisa ou ir a algum lugar depois da fama?
Não. Eu vou a todos os lugares: supermercado, salão, farmácia… Hoje eu percebo que a repercussão de ‘Os Dez Mandamentos’ está incrível. Eu entro no salão e vejo que todo mundo assiste à novela e não só as manicures, como antigamente. Hoje, as clientes, seus maridos e a própria dona do salão também assistem. Acho até que o ibope informado é menor do que realmente é.
FONTE\ODIA




















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