domingo, 21 de novembro de 2010


Os dois lados de Javier Bardem
Ele não tem uma beleza clássica nem faz o tipo romântico. Por isso mesmo desperta nossos instintos. Nesta entrevista exclusiva, Javier Bardem mostra que sabe ser sensível e durão. Confira!
Por Simone Magalhâes
Quando Javier Bardem filmou O Amor nos Tempos do Cólera, em 2007, baseado no clássico livro de Gabriel García Márquez, disse que admirava a história daquela paixão platônica que dura décadas e não perde a força. Mas sentenciou: é ficção, não existe na realidade. Pode parecer pessimismo da parte dele, mas esse espanhol sangue quente simplesmente não tem uma visão romântica dos fatos.

 É do tipo que prefere viver cada dia intensamente em vez de fantasiar sobre o futuro. Foi assim com o namoro com Penélope Cruz, com quem se casou em segredo no começo de julho de 2010, numa cerimônia só para familiares. Juntos desde 2008, tudo o que falaram sobre subir ao altar ou ter filhos - ela está grávida! - seguiu a linha do "Se tiver de ser, será".

Arriscar
O astro de 41 anos tem outra paixão, nosso país, que o levou a aceitar o papel de Felipe, brasileiro por quem a personagem de Julia Roberts se apaixona no filme Comer, Rezar, Amar. "Quis ser brasileiro por pelo menos um mês para sentir essa bênção!", exagera. "Vocês têm uma leveza que nós espanhóis - especialmente eu - não temos. Costumamos ser mais durões." Nem tanto. Ele admite se sentir ansioso sempre que encara um novo trabalho. Não só porque atua também em inglês e, entre tantos detalhes para se preocupar, tem de policiar o sotaque e ainda ser convincente. Para Javier, ter medo é natural e necessário. "É o combustível que nos mantém motivados: se você não teme, algo está errado, porque quando se faz o que gosta sempre existe preocupação em dar o melhor. E daí surgem as inseguranças."

Perdoar
Esse pisciano tem mesmo dentro de si um turbilhão de sentimentos. "Se você quer ser ator, precisa se deixar levar pelas emoções. E não é difícil; todos interpretamos o tempo todo. Complicado é voltar a ser quem realmente somos depois disso", diz, citando uma crença de Marlon Brando sobre como atuamos, dia após dia, para sobreviver no trabalho, nas relações sociais. Para Javier, Felipe é dono do que chama de senso de autoperdão. "Ele se sente bem na própria pele, não finge ser outra pessoa na frente de ninguém - vive em paz consigo mesmo. Alguns veem como egocentrismo. Eu acho que é uma característica fundamental. Afinal, para compartilhar algo, é preciso primeiro aprender a se perdoar."

Acreditar
Essa força que o espanhol das Ilhas Canárias transmite só com um olhar transborda também nas suas atitudes. Ficar desiludido depois de uma decepção amorosa, por exemplo, não faz parte do seu roteiro. "Quando você deixa de acreditar, tudo acaba, porque ninguém vai brigar pelos seus sonhos. É preciso aguentar firme e continuar lutando. E a batalha mais difícil acontece justamente contra seu pior inimigo: você mesmo." Isso não significa que não passe por fases difíceis. Considera inclusive que toda idade traz uma crise diferente. "Quando olho para trás e vejo o que fiz aos 20 anos, penso: ‘Meu Deus...’ Mas, naquela época, tinha um significado, era importante que acontecesse para que eu aprendesse algo."

Amar
Para alguns, felicidade é morar em uma ilha particular. Para Javier, é poder estar com quem ele ama, dar boas gargalhadas com os amigos que tem desde os 12 anos. "Se você realmente dá valor às coisas mais valorosas, então pode encontrar o paraíso em qualquer lugar, dentro de você. Vivemos em uma sociedade em que ter mais e mais nunca é o bastante. Às vezes, precisamos perder tudo para reencontrar o que mais importa: nós mesmos."

FONTE\NOVA

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