sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Filho de Fernando Meirelles inicia 
carreira com curtas e apoio do pai 
Quico Meirelles dirige filmes baseados em '360' e sobre 'fuga' de galinha.
 'Cidade de Deus' faz 10 anos nesta quinta: 'foi o filme certo na hora certa'. 

Por Cauê Muraro
Nesta quinta-feira (30), completam-se exatos dez anos do lançamento de “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles. 
Por vários motivos, sobretudo de ordem temática e técnica, o filme segue com a reputação de obra essencial do cinema brasileiro recente. 
Coincidentemente, nesta mesma quinta, Quico Meirelles – filho de Fernando – dá mais um passo em direção à carreira do pai. 
Aos 23 anos, ele exibe o seu “A galinha que burlou o sistema” (assista ao trailer) na 23ª edição do Festival Internacional de Curtas de São Paulo.
“É o meu trabalho de conclusão de curso [da faculdade]”, explica Quico ao G1, em entrevista por telefone.
Ele conta que desde 2007 faz graduação em audiovisual na Universidade de São Paulo (USP). A escolha da profissão foi “meio que quase natural”, embora sua “estreia” no ramo tenha sido como ator – e por razões e estereótipos basicamente opostos aos verificados em “Cidade de Deus”: 
“Eu era um molequinho loirinho, bonitinho, me divertia”. Resultaram daí os convites para aparecer em comerciais. 
“Mas desde muito pequeno eu brincava com filmagem, adorava câmera. [Quando era] criança, fazia ‘filmes’ com minhas primas.
” Por enquanto, a filmografia de Quico resume-se a três curtas-metragens (veja dois deles ao lado). “Não sei se quero fazer longa-metragem num futuro muito próximo, é muito difícil. Mas, se fosse fazer, seria daqui a três, quatro anos”, justifica. 
Ele participa de algumas produções do pai desde “O jardineiro fiel” (2005), trabalho em que se ocupou da função de “assistente de qualquer coisa”, conforme sua própria descrição.
 Nos trabalhos futuros, porém, o “qualquer coisa” passou a ser mais bem definido: na série televisiva “Som e fúria” (2009) e no filme “Ensaio sobre a cegueira” (2008), trabalhou como “assistente de direção”; em “360”, ainda em cartaz, como “assistente de fotógrafo”.
 Foi graças a este último, inclusive, que Quico fez seus outros dois curtas. Ou, mais precisamente, graças à sua “cara de pau”, nas palavras de Fernando Meirelles, em comentário feito ao G1 durante uma entrevista no lançamento de “360”.
 Ao tomar conhecimento da opinião do pai, o filho não discorda. “A gente estava lá de bobeira, com tempo disponível, eu tinha uma câmera...
” Assim surgiram “5 minutos” e “5 metros”, que Quico fez por conta própria e em paralelo às filmagens de “360”. 
Isso porque ele verificou que havia intervalos (pré-determinados) durante gravações do filme do pai, período em que os equipamentos ficavam “parados”. 
“Ele fez na cara de pau, foi lá e chamou os atores nos dias de folga”, explicou Fernando Meirelles, que faz uma breve aparição como figurante – sem falas – em “5 minutos”, estrelado por Maria Flor e Juliano Cazarré, o Adauto de "Avenida Brasil".
 “A ideia era fazer uma história que tivesse relação com o ‘360’, com os personagens”, observa Quico.
Cena da galinha Ao se recordar do lançamento de “Cidade de Deus”, Quico fala que estava “chateado”. “Eu tinha uma viagem com a escola, então eu não fui na pré-estreia, fiquei meio frustrado.” Apesar de ter pouco mais de dez anos de idade à época, conseguiu acompanhar de perto toda a produção. 
“Eu me lembro de o meu pai ir muito pro Rio, das oficinas com os atores. E de algumas histórias das filmagens: num dos dias teve um tiroteio na comunidade, e eles tiveram de parar de filmar, no outro os ‘donos’ da comunidade é que mandaram parar...
 Quico aponta ainda a surpresa que teve com a repercussão do filme, que acabou sendo maior do que qualquer expectativa.
 Ele diz que gosta de “Cidade de Deus”. “O filme é muito importante, foi o filme certo na hora certa, falou sobre um tema de que ninguém falava numa época em que ninguém falava, e com uma linguagem muito sofisticada”, enumera. 
“Em todos os aspectos técnicos, é muito bom, fotografia, montagem, som, música... Eu acho que é um filme muito ousado.” 
As opiniões trazem à nota outra coincidência – involuntária, assegura Quico – entre “Cidade de Deus” e “A galinha que burlou o sistema”.
 Trata-se, justamente, do animal do título do curta: uma das cenas mais marcantes do longa de dez anos atrás é a de abertura, que mostra a ave sendo perseguida nas ruas do cenário principal. 
“Quando fui fazer o meu curta, já sabia que ia ter esse comentário. Foi uma coincidência que virou uma brincadeira.
 No meu filme, a ideia é mostrar o sistema de criação de frangos em larga escala, em granjas industriais.” 

'A galinha que burlou o sistema' no 23º Festival Internacional de Curtas de SP 
Quando: 30 de agosto, às 15h. 
Onde: Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana).

FONTE\G1

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