sábado, 1 de setembro de 2012

Boca de Cena 
 Patrícia Selonk
 Atriz celebra 25 anos do 
Armazém com peça inédita 
Três mil litros de água preenchem a piscina que ocupa o centro do palco no 25º espetáculo do grupo Armazém, peça que encerra as comemorações das bodas de prata do grupo, iniciadas no primeiro semestre de 2012. 
Sob a direção de Paulo de Moraes, "A Marca da Água" acompanha a história de Laura, uma mulher que tem um cotidiano de poucas emoções e muitas frustrações, que vêm à tona através das lembranças de um acidente da infância, quando ela precisa operar o cérebro. 
O elenco é formado por Patrícia Selonk, Ricardo Martins, Marcos Martins, Marcelo Guerra e Lisa E. Fávero. 
 A companhia tem a tradição de fazer longas pesquisas antes de estrear um novo espetáculo, porém com este foi diferente.
 “A Marca da Água” foi levantada em apenas dois meses para que o Armazém participasse do Cena Brasil Internacional, festival realizado pelo CCBB. Como prêmio por ter sido escolhida uma das melhores peças do festival, o grupo vai fazer uma temporada internacional nos festivais de teatro de Avignon, na França, e Edimburgo, na Escócia, em 2013. 
 Para montar o texto do espetáculo, Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes beberam na fonte do impressionismo, do surrealismo, da obra de Oliver Sacks, flertaram com Alfred Hitchcock e, por fim, inspiraram a atmosfera da peça no conto “O Nadador”, de John Cheever. Na cenografia, além da piscina, há um telão, onde o público acompanha cenas do mergulho dos personagens ampliando a perspectiva da ação.
 Na entrevista, Patrícia Selonk analisa a trajetória do grupo, fala sobre sua personagem e comenta os desafios de encenar dentro d’água. 

'A Marca da água' fecha as comemorações pelos 25 anos do Armazém. Como você avalia a trajetória do grupo?
 Acho a trajetória do Armazém linda! A gente começou em Londrina, no Paraná, onde o grupo se formou dentro de uma escola de teatro. O Paulo era professor, montou um espetáculo com os alunos e, a partir daí, surgiu o grupo. Alugamos um pequeno espaço para ser nossa sede e fizemos uma temporada de um mês com uma peça, coisa que nunca tinha acontecido em Londrina. Depois, começamos a levar os espetáculos para outros estados e, após 11 anos, tivemos vontade de mudar de ares, procurar outras possibilidades de trabalho e sobreviver melhor com a opção que fizemos de viver de teatro, então viemos para o Rio em 1998. Um ano depois ocupamos um espaço dentro da Fundição Progresso. É bonito traçar metas, sonhar e até lidar com as desilusões também. Nós queremos fazer arte e tirar nosso sustento disso. 

 No que este espetáculo difere dos demais montados pelo Armazém?
 “A Marca da Água” foi montada em dois meses, uma característica muito diferente dos demais espetáculos do Armazém, onde o tempo de pesquisa é bem maior. O bacana de montar um espetáculo tão rápido é que não dá tempo de a gente entrar em crise, a gente precisa ir vencendo as dúvidas dia a dia. Essa peça foi criada com tanta rapidez porque fomos convidados para participar do Festival Cena Brasil Internacional, no qual apenas montagens inéditas participam e as seis melhores são escolhidas para representarem o Brasil nos Festivais de Avignon e Edimburgo em 2013. O Armazém nunca saiu do país para mostrar eu trabalho e isso foi muito tentador para nós. Acabou dando certo, fomos selecionados e ficamos muito felizes.

 Qual é a importância para o Armazém de ter a oportunidade de participar de dois festivais internacionais? 
O Armazém conquistou muita coisa com seu trabalho: respeito da crítica e admiração do público que acompanha a gente há muitos anos. É importante irmos para outros lugares, mostrarmos nosso trabalho para plateias diversas e vermos outros grupos para continuarmos crescendo. Estamos com 25 anos, mas ainda temos muito o que aprender.

 O fato de vocês estarem fazendo o espetáculo dentro de uma piscina trouxe estranhamento para os atores?
 A presença da água em cena torna essa peça bastante diferente de tudo que já havíamos feito. Existe uma grande piscina no palco por onde a gente transita. O simples fato de estarmos dentro da água, muda tudo, o espetáculo fica imprevisível. O ator conta com uma grande instabilidade, ele pode escorregar ou uma gota d’ água pode entrar no olho. Cada apresentação é diferente porque não tem como prever o que vai acontecer. Estar em cena nestas condições, depois de 25 anos de carreira, só reafirma que é de desafios que a gente gosta!

 Como é sua personagem em 'A Marca da água', a Laura?
 É uma mulher de mais ou menos 40 anos, que encontra um peixe enorme no meio do jardim dela e, a partir desse acontecimento, começa a ouvir uma música insistente dentro da cabeça. Ela resolve que quer deixar registrada essa música em um gravador, quer materializar esse som de qualquer maneira. Acredito que essa canção seja fragmentos de memória dela. Laura é extremamente doce, vive uma vida ótima com a família, mas tem um monte de questões internas que ela fechou dentro dela e nunca resolveu. Desde o dia em que ela encontra o peixe, muitas coisas começam a vir à tona: lembranças, coisas mal resolvidas, sentimentos. Ela estava recolhida em sua vida aparentemente normal e depois disso suspeitar que há algo errado com sua cabeça. 

 FONTE\GLOBOTEATRO

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