sábado, 4 de dezembro de 2010

Tarcísio Meira
Por Wallace Carvalho 
 Se Regina Duarte será para sempre a eterna namoradinha do Brasil, Tarcísio Meira é o eterno galã da teledramaturgia nacional. O ator, que já participou de mais de 47 produções na TV, e atualmente está no ar na série “Afinal, O Que Querem as Mulheres?”, ainda faz muitas donas de casas suspirarem com seus personagens. O peso da idade parece não afetar em nada sua imagem de herói. Tanto é, que Gilberto Braga o escalou para viver um mulherengo em “Insensato Coração”, próxima novela das 21 horas da Rede Globo.

Com elegância e simpatia, Tarcísio atendeu o Famosidades para uma entrevista exclusiva e falou sobre essa tal "fama" muito mais. Ele afirmou, por exemplo, que nunca se importou com o rótulo de galã e que até hoje ainda não entendeu porque as pessoas usam o termo para se referirem aos mocinhos das novelas.

“Não existe essa coisa de ser galã. Existem bons personagens. Não me considero galã, mas nunca me incomodei que me vissem assim”, disse ao Famosidades. O veterano acredita que os atores da nova geração rechaçam o rótulo porque o termo ganhou um tom pejorativo. “Como se fosse inadequado classificar um bom ator de galã. Passou a soar desrespeitoso”, explicou.

Tarcísio confessou também que não assiste às novelas quando está de folga, mas que abriria uma exceção caso fosse reprisada a primeira versão da novela “Irmãos Coragem”, escrita por Janete Clair. “Seria maravilhoso matar a saudade de João Coragem e refrescar a memória”, suspirou.

O personagem, aliás, de todos os seus trabalhos, é considerado como o mais importante da sua carreira. Algumas pessoas, inclusive, ainda o chamam de João nas ruas, de acordo com Tarcíso. Longe dos cinemas há 20 anos, o ator revelou porque ficou tanto tempo sem fazer um filme, contou se existe ou não beijo técnico e disse que detestou a experiência como diretor: “Não foi prazeroso”.

É claro que o outro amor da vida de Tarcísio não ficou de fora da conversa. Fora a profissão, Glória é quem toma conta do coração do veterano. Casado há 47 anos com a atriz, ele afirmou que sua relação com a esposa é igual a de tantos brasileiros que estão juntos há muitos anos. “Temos conflitos. Tem rotina, tem filho, tem família. Já tivemos nossas crises, mas soubemos contornar todas essas situações”, disse. Quer saber o segredo de uma relação tão duradoura? Leia a entrevista abaixo:

Você esta de volta à TV na série “Afinal, O que Querem as Mulheres”. Conta um pouco do Romeu, seu personagem na trama...
 Ele é o pai do protagonista da história. Um aventureiro, que abandona a família e surge 20 anos depois como se nada tivesse acontecido. É uma participação especial, na verdade. Ele não tem uma participação efetiva na história, não é fundamental na trama. Não sei até que ponto ele influencia na vida do filho ou da mulher, interpretada pela Vera Fischer.

E mais uma vez, você e Vera contracenam juntos...
É verdade. As pessoas acham que eu contracenei muito com a Glória [Menezes, sua esposa], mas a pessoa com a qual eu mais fiz par romântico foi a Vera. Filmes, novelas, minisséries, seriados, fizemos de tudo.

Depois dela, foi a Bruna Lombardi. Fizemos muita coisa juntos também, só depois vem a Glória.
Outro reencontro na série é com o diretor Luis Fernando Carvalho, que você trabalhou em o "Rei do Gado", em 1996. Como foi essa parceria após 14 anos?
Foi muito bacana. Ele me convidou para o projeto e eu aceitei com o maior prazer. O Luiz tem um cuidado tão bonito com a dramaturgia. E a história é interessante, é um mergulho de cabeça na beleza, em todos os aspectos.

Na sinopse, seu personagem é descrito como um galã saído de um filme faroeste. Como é viver um galã aos 75 anos?
O que é ser um galã? Existe alguém chamado galã? Não existe essa coisa de ser galã. Eu, sinceramente, não entendo porque perdurou esse termo para quem faz mocinho em novela.

Muitos atores jovens rejeitam esse rótulo. Você passou por essa fase? Te incomoda ser visto como um galã?
Nunca me incomodei com rótulos. Até porque foi o que eu lhe disse, não existe essa coisa de ser o galã da novela ou de ser o vilão. Existem bons personagens. Não me considero galã, mas nunca me incomodei que me vissem assim. Não me preocupo com o termo, sabe. Agora, acredito que os atores mais novos não queiram ser vistos assim porque a palavra foi distorcida. Ela é usada em tom de deboche. Como se fosse inadequado classificar um bom ator de galã. Passou a soar desrespeitoso. Talvez, as pessoas tenham passado a achar isso porque os personagens românticos da trama são mais chatos de carregar. São menos humanos, menos verdadeiros.

Você está confirmado no elenco de “Insensato Coração”. Pode adiantar um pouco do seu personagem na trama de Gilberto Braga?
Eu, particularmente, gosto muito do Gilberto. Confio plenamente em seu bom gosto. Sei pouquíssimo sobre o personagem. Ele vai ser um bon vivant. Por enquanto é a única informação concreta que tenho. Todo o resto é especulação. Não sei nem quando eu começo a gravar.

As novelas ainda são o carro chefe da TV? Em sua opinião, por que elas não têm mais a mesma força de algumas décadas atrás?
As novelas passaram por muitas modificações nas últimas décadas. Há novelas boas e outras não tão boas, mas a teledramaturgia brasileira é da melhor qualidade. São vistas e respeitadas no mundo todo. O que acontece é que, atualmente, existem outras opções de entretenimento. Só que a questão da audiência não é específica. Não foi só a novela que perdeu audiência, foi a TV aberta em geral.

O Tarcísio Meira assiste novela quando está de folga?
Muito raramente. Eu quase não vejo novela.

É verdade que você queria ser diplomata?
É verdade, mas foi coisa de rapaz. Eu era muito jovem, vivíamos uma expectativa com relação ao Brasil naquela época, Juscelino Kubitschek [presidente do Brasil de 1956-1961], sabe aquela euforia? Naquele tempo, eu acreditava que tudo que o nosso país vem alcançando hoje, seria alcançado há 50 anos. O teatro chegou na minha vida bem cedo, não tinha como ter sido diferente.

Você usa a internet de alguma forma?
Muito pouco.

Então você nunca leu sobre o fake que se passa por você no Twitter?
Eu nem sabia disso. Pode avisar que não sou eu.

Recentemente, a novela “Vale Tudo” tem feito um enorme sucesso no canal Viva. Qual produção você gostaria que fosse reprisada?
Adoraria ver a primeira versão de “Irmãos Coragem”, novela que eu participei, até para fazer uma comparação com as tramas que eram exibidas na década de 70 com as atuais. Seria maravilhoso matar a saudade de João Coragem e refrescar a memória.

Sílvio de Abreu afirmou que pretende fazer um remake de “Guerra dos Sexos”. Quem você gostaria que vivesse o Felipe?
Felipe foi o primeiro personagem mais voltado para a comédia que eu fiz na TV. Mas essa decisão não cabe a mim. O remake, mesmo escrito pelo próprio Sílvio, contará uma história diferente. Será uma versão nova, moderna, uma nova história e, consequentemente, um outro Felipe.

Foram mais de 45 trabalhos só na televisão. Qual foi o mais importante para você?
João Coragem é até hoje um marco na minha carreira. Fiz bastante coisa na TV, ganhei prêmios por diversos trabalhos... Mas “Irmãos Coragem” tem um lugar especial. Foi um trabalho muito importante não só para mim, mas para a teledramaturgia brasileira. Janete Clair [autora da novela] quebrou vários tabus. Era uma trama que não tinha as mesmas características das novelas apresentadas até então. Os homens passaram a assistir novela por causa dessa produção. Foi um sucesso enorme. Para você ter uma ideia, o último capítulo deu mais audiência que o jogo do Brasil. Sem falar que, ainda hoje, algumas pessoas ainda me vêem como João Coragem.

Você fala de “Irmãos Coragem” com muita nostalgia. Qual a principal diferença de fazer naquela época para hoje em dia?
Sem dúvida são os recursos tecnológicos. Eles tornaram as coisas mais fáceis, porém, mais industriais. Antigamente, tudo era feito com muita dificuldade. Fazíamos tudo na raça, abusando da criatividade. Eram outros tempos. Havia uma adrenalina que eu acho muito importante para o trabalho do ator.

Você esta no elenco do longa “Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo”. Como surgiu o convite para a produção?
Foi ideia do Hugo Carvana. Ele insistiu muito para que eu fizesse parte do elenco. Eu acabei aceitando. Já foi todo gravado, está finalizado. Era para estrear agora no final do ano, mas deixaram para lançá-lo em 2011.

Porque você ficou 20 anos sem fazer cinema?
Eu tinha deixado de fazer cinema porque era tudo muito difícil, sacrificado e pouco compensador. Sem falar que você não sabe que filme vai ser exibido. Você gravava um filme e quando chegava ao cinema, eu não reconhecia a história. A edição muda um projeto, isso não me agrada. Sem falar que o orçamento era sempre apertado, não podia errar. Errar elevava demais o custo da produção. Hoje a realidade é outra. Posso dizer que adorei a experiência.

Você chegou a dirigir alguns episódios do seriado "Tarcísio e Glória". Passou por sua cabeça se tornar diretor?
Na realidade, eu não dirigi nenhum episódio. Quer dizer, acabei dirigindo. Aconteceu o seguinte: Nós estávamos gravando o seriado e em um determinado episódio o diretor não pode comparecer na gravação e eu acabei assumindo a função. Eu o substitui, foi isso.

Mas gostou da experiência?
Não gostei, nem desgostei. Mas não foi prazeroso, não [risos].

E afinal, existe ou não existe o tal do beijo técnico?
Não existe. Por mais que você esteja interpretando um personagem é a sua boa que encosta na boca da outra pessoa. Agora, não existe sentimento. É um beijo profissional, não é técnico.
 
Seus últimos trabalhos na TV foram ao lado de Glória. Vai sentir falta dela na hora de gravar? Trabalhar junto é melhor?
Eu gosto de trabalhar com bons atores. E Glória é muito boa no que faz. Adoro trabalhar com ela porque temos intimidade um com outro. O trabalho flui melhor quando você tem uma abertura maior com o parceiro. Mas se ela não estiver no trabalho comigo, vai estar em casa me esperando.

Você está casado com a Glória há 45 anos. No meio artístico é um fato raríssimo, ainda mais em se tratando de dois atores. Vocês têm aquelas briguinhas de todo casal? Chegaram a repensar a relação alguma vez?
Como todo casal temos conflitos. Somos um casal como outro qualquer. Tem rotina, tem filhos, tem família. Já tivemos nossas crises, claro. Mas soubemos contornar todas essas situações. O mais importante é que não fizemos força para estarmos casados todos esses anos. Nós, simplesmente, continuamos casados porque nos amamos. Porque acreditamos e somos felizes com tudo que construímos.

Qual o segredo de uma relação duradoura?
Não existe segredo. Existem pessoas que se amam, se respeitam e querem ficar juntas. O fato de eu ser casado com a Gloria há muito tempo é muito nosso. A gente se ama. Não se explica o amor. Foi o que eu lhe disse, sempre quisemos estar juntos, nunca nos separamos. Eu a conheci em outros tempos. Hoje em dia tudo é muito diferente, não sei como seria.

Como é o Tarcísio Meira na intimidade?
Sou muito simples. As pessoas se identificam comigo porque eu sou igual a elas. Não sou intelectualmente sofisticado. Não gosto e quando sou me penitencio. Vou para a minha fazenda, gosto dessa coisa da terra, do pé no chão. Não vivo nesse mundo glamourizado que as pessoas imaginam. Sou um ser humano como qualquer outro. A diferença é que as pessoas cresceram me vendo na TV e têm uma intimidade comigo que, às vezes, me assusta. Quando estou viajando de avião, elas param ao meu lado e contam intimidades como se eu fosse da família. É estranho, mas eu invado a casa delas há 45 anos. Eu consigo entendê-las.

FONTE\FAMOSIDADES

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