Juliana Didone fala da maternidade real:
“É selvagem, difícil mas bonita demais”
Em uma entrevista sincera, a atriz compartilha o amor e o medo que habitam a cabeça de uma mãe, fala da falta de tempo para si e de suas transformações pessoais após o nascimento de Liz
Por Ana Paula Bazolli
Juliana Didone revela como está sendo sua experiência, sem babá, como mamãe de primeira viagem de Liz, de 4 meses, fruto do relacionamento com o artista plástico Flávio Rossi.
Perder os 6 kg que faltam, dos 20 que engordou na gestação, não é prioridade agora. "Estou dando tempo ao tempo", diz.
A atriz também ressalta a importância do marido e pai na ajuda das tarefas diárias e conta que se vê "pagando a língua" sobre coisas que julgava que nunca iria fazer:
“Acho que antes de ser mãe a gente tem uma idealização desse momento, do bebê, e na hora dos hormônios bombando dentro de você, a única coisa que quer é sobreviver”, desabafa.
Desde a chegada de Liz, Juliana tem certeza que mudou muito como pessoa. “Eu sempre fui bicho solto, livre, desencanada. Agora estou mais atenta, mais precavida”, afirma.
O Flávio ajuda muito nos cuidados com a pequena? O que ele faz?
Ele quer ajudar em tudo. O banho é dele. Ele faz questão de ter esse momento com ela. Eu sempre espero ele chegar do trabalho. No dia a dia ele troca fralda, brinca, dá colo. Mas, nos primeiros meses, acho que por mais que o pai esteja disponível para ser pai, a necessidade do bebê está quase sempre com a mãe. O amamentar no peito é um vínculo profundo e para sempre, mas te deixa presa, 24 horas em função do seu bebê, do seu amor e vocês precisam se conhecer. Então, o pai que quer mandar bem tem que entender isso, ter paciência e entender que o espaço dele vai surgir cada vez mais e mais. Saber como ser um bom pai nesse momento é essencial: sendo atento com a sua mulher. Apoie, ajude, dê carinho, porque se a mãe está bem, o seu filho vai estar ótimo. Nós precisamos muito do suporte nesse primeiro momento, porque é radical o cansaço e a doação.
Você compartilha bastante nas redes sociais que não é mais a mesma, se transformou. Onde você acha que mudou mais depois de Liz?
Tem um livro da Laura Gutman, que li antes da Liz nascer, que se chama A maternidade e o encontro com a própria sombra. É isso mesmo. Você encontra a sua criança escondida, seus defeitos mais feios e o seu melhor. É doido, é doído, mas é inevitável que aconteça para você encontrar sua verdadeira força. Acho que estou mais real, mais simples, mais frágil, porque mais forte.
Como ficou a sua relação com o seu corpo após o nascimento de Liz? Voltou ao seu peso?
Engordei 20 kg na gravidez e já perdi 14, rapidamente. Agora estou com 6 extras que chegaram para ficar. Já falei que não são bem-vindos aqui. Mas estou dando tempo ao tempo. Tudo é tão complexo nesse primeiro momento que, para mim, voltar ao meu corpo é um desejo, mas não uma prioridade.
QUEM: Qual o balanço que faz da maternidade até agora?
J.D.: A maior loucura da vida, o maior presente e a maior transformação que alguém pode ter. Ser mãe é, ao mesmo tempo, voltar para sua essência verdadeira e encontrar com você mesma sem máscaras. É selvagem, é difícil e bonito demais.
Escuta muitos "pitacos" de outras mães? Como encara isso?
Muitos pitacos. Todo mundo tem uma dica, um conselho. Acho um saco, às vezes, mas também dou (risos). Porque eu sei que a intenção é boa, a gente quer ajudar. Mas acho que tem momentos e momentos. Na verdade, acho a troca maravilhosa, sou aberta, mas acho que é preciso delicadeza e leveza. O tom que o conselho vem, faz você querer testar ou esquecer.
O que você imaginou que nunca faria quando fosse mãe e está se vendo fazer agora?
Dar chupeta foi a primeira coisa. Falei que nunca ia dar. Colocar brinco também. Engordar excessivamente na gravidez também. Acho que antes de ser mãe a gente tem uma idealização desse momento, do bebê, e que na hora dos hormônios bombando dentro de você, a única coisa que você quer é sobreviver.
O que está sendo mais fácil e mais difícil na maternidade?
Foi difícil a amamentação. Teve um momento que achei que não tinha leite e quase dei fórmula. Por achar que a Liz estava sofrendo de fome, por ouvir as pessoas dizendo: “coitadinha, essa menina está chorando de fome". Mas respirei, resisti, pedi apoio do marido, da pediatra e dou só peito até hoje. O pior para mim é o sono. Tenho ele muito leve e dormir é algo salutar para mim. Ficar com poucas horas de sono quase me enlouquecia, ainda não é suficiente e acho que nunca mais será. Estou aprendendo a lidar com isso. Mas ela é uma bênção porque dorme muito bem. Dar banho foi algo fácil desde o início, ela ama.
Nesses primeiro meses tudo acontece muito rápido e todo dia é uma novidade. Em que fase Liz está agora?
Cada pequena novidade é o melhor momento do meu dia. Me alegra profundamente. Não só pelo meu ego de que ela sabe fazer tal coisa, mas pelo olhar curioso dela para o mundo, dá atenção em tudo, do maravilhamento. Isso é tão bonito, me renova.
Como ficou sua vaidade? Tem tempo para você?
Zero tempo. Menos zero, existe? Eu tomo banho em 3 minutos, me arrumo em 2 e ela já está me solicitando. Então não me arrumo né, me visto. Isso porque estou sem babá, então fica mais difícil mesmo. Eu escolhi assim, quis ter esse tempo integral com ela para nos conhecermos intimamente. Voltando a trabalhar vou ajustar tudo.
O que você descobriu com a maternidade que só quem é mãe sabe?
O amor e o medo. Todo mundo tem esses dois sentimentos, mas acho que quem é os conhece de uma forma mais intensa.
O que passou a ser importante que nunca tinha sido antes?
A segurança passou importar mais. Eu sempre fui bicho solto, livre, desencanada. Agora estou mais atenta, precavida.
Pensa em voltar a trabalhar quando?
Minha cabeça está a mil, estou fervendo de desejos, de projetos. Mas estou dando esse tempo de encontro, para mim e para a Liz, e um descanso também, pois trabalho numa intensidade grande já faz tempo. Então, essa pausa se faz necessária para acessar o eu mãe e depois voltar no gás, com a energia renovada, com mais vida
FONTE/QUEM
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